A psiquiatria contemporânea tem se empenhado em desenvolver classificações psiquiátricas voltadas principalmente para a padronização de critérios diagnósticos e para a replicação de dados. À medida que estas classificações se impõem cada vez mais à observação clínica, efeitos colaterais já se fazem sentir. Entre eles, nos parece particularmente problemático o estreitamento do campo de observação e suas repercussões sobre a concepção de tratamentos e políticas de saúde mental. Neste artigo nossa reflexão sobre as relações entre “Evidências científicas e experiência clínica” encontra seu ponto central em uma interrogação sobre as conseqüências de uma padronização e objetivação do diagnóstico em psiquiatria tanto para a clínica quanto para as pesquisas transculturais. A questão da depressão na África servirá de ponto de partida para nossa reflexão sobre estas questões.
África; depressão; psiquiatria transcultural