Comenta-se a distinção freudiana entre a sexualidade, como um fato observável, e a libido, como uma hipótese especulativa, mostrando que, para Freud, a suposição de uma energia específica para a pulsão sexual corresponde a um conceito que tem validade apenas instrumental - ou seja, heurística - não sendo uma referência empírica objetiva. Salienta-se que Freud não considera os conceitos desse tipo - especulativos - o fundamento da sua ciência, mas sim o cume substituível do edifício teórico da psicanálise. Esse tipo de interpretação da obra de Freud, que o integra na história da filosofia e da ciência alemãs, permite não só compreender a psicanálise como uma ciência numa perspectiva heurística, como também possibilita uma análise dos desenvolvimentos da psicanálise levando em conta a diferença entre dados empíricos e teóricos (especulativos), e explicando, assim, em que sentido a teoria psicanalítica é considerada por Freud como provisória e sempre aberta a revisões.
Sexualidade; libido; especulação; heurística; psicanálise