OBJETIVO: Avaliar as relações entre o uso agudo e crônico de cannabis e alterações do humor. MÉTODO: Os artigos foram selecionados por meio de busca eletrônica no indexador PubMed. Capítulos de livros e as listas de referências dos artigos selecionados também foram revisados. RESULTADOS: Observam-se elevados índices de comorbidade entre abuso/dependência de cannabis e transtornos afetivos em estudos transversais e em amostras clínicas. Estudos longitudinais indicam que, em longo prazo, o uso mais intenso de cannabis está relacionado com um risco maior de desenvolvimento de doença bipolar e, talvez, depressão maior em indivíduos inicialmente sem quadros afetivos; porém, os mesmos não encontraram maior risco de uso de cannabis entre aqueles com mania ou depressão sem esta comorbidade. Outra importante observação é que o uso de substâncias psicoativas em bipolares pode estar associado a uma série de características negativas, como dificuldade na recuperação dos sintomas afetivos, maior número de internações, piora na adesão ao tratamento, risco aumentado de suicídio, agressividade e a uma pobre resposta ao lítio. Tratamentos psicossociais e farmacológicos são indicados para o manejo da comorbidade entre cannabis e transtornos afetivos. CONCLUSÃO: As relações entre o uso de cannabis e alterações do humor são observadas tanto epidemiologicamente quanto nos contextos clínicos.
Cannabis; Depressão; Transtorno bipolar; Fatores de risco; Estudos transversais