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Anormalidades cognitivas no uso da cannabis

OBJETIVO: Evidências de que o uso de cannabis prejudica funções cognitivas em humanos têm-se acumulado nas décadas recentes. O propósito desta revisão é o de atualizar o conhecimento nesta área com novos achados a partir da literatura mais recente. MÉTODO: As buscas na literatura foram realizadas utilizando-se o banco de dados Web of Science até fevereiro de 2010. Foram buscados os termos "cannabi*" ou "marijuana" e "cogniti*" ou "memory" ou "attention" ou "executive function", e os estudos em humanos foram revisados preferencialmente em relação aos estudos em animais. DISCUSSÃO: O uso de cannabis prejudica a memória, a atenção, o controle inibitório, as funções executivas e a tomada de decisões, tanto durante como após o período de intoxicação aguda, persistindo por horas, dias, semanas ou mais após o último uso. Os estudos de desafio farmacológico em humanos estão elucidando a natureza e os substratos neurais das alterações cognitivas associadas a vários canabinoides. O uso pesado ou de longo prazo de cannabis parece resultar em anormalidades cognitivas mais duradouras e possivelmente em alterações cerebrais estruturais. Efeitos cognitivos adversos maiores estão associados ao uso de cannabis quando este começa no início da adolescência. CONCLUSÃO: O sistema canabinoide endógeno está envolvido nos mecanismos de regulação neural que modulam os processos subjacentes a uma gama de funções cognitivas que estão prejudicadas pela cannabis. Os déficits em usuários humanos muito provavelmente refletem, portanto, neuroadaptações e o funcionamento alterado do sistema canabinoide endógeno.

Cannabis; Canabinoides; Cognição; Processos fisiológicos; Manifestações neurocomportamentais


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