[...] o encontro do meu conhecimento com o... conhecimento do aluno... São trocas, trocas com certeza... pode acontecer, justamente, ah, é uma superstição é, agora, e eu sei o que é o científico, vamos dizer assim, o que é realmente, o que acontece... a gente vai perguntar por que isso é assim, a gente joga, ah, porque estou menstruada, se eu tomar banho, isso meprejudica? E isso eu sei que realmente é uma questão de crença, de cultura, vamos dizer assim, aí vamos tentar explicar a ele que não existe isso... (PE2) |
Turmas menores são bem mais fáceis de a gente ta trabalhando o diálogo. Turmas grandes são impossíveis... Primeiro a carga horária curta pra você tratar um número de alunos enorme... se você tem cinquenta alunos, uma aula tem cinquenta minutos, um minuto pra cada aluno, não tem como você transformar um diálogo com um aluno em um minuto... não tem como você problematizar... Que a escola vai ta fazendo com ele veja a importância daquilo que ele já traz e consiga dialogar entre a ciência e o que ele tem como cotidiano... vai depender dos contextos específicos... daquilo que ele vai precisar usar no seu cotidiano... Depende da atividade que ele pratica... da atividade que ele tem no seu contexto social. (PE1) |
[...] o diálogo na sala de aula às vezes ele acaba sendo... barreira ... Quando a gente pergunta, eles aprisionam questões que eles gostaria de colocar... o trabalho com a questão de respeito, a maneira do pensamento estruturado pra cada conteúdo, e eu acho que isso é muito importante... como é que ele ta pensando do assunto... Quando eu comecei a dar aula... eu tinha certeza que ensinar era dominar informação... Eu ressignificar, desestimular essa minha maneira de pensar na medida em que eu me preparava pra dar aula e ia me expor e não conseguia atingir o meu limite... Quando eu pedia a resposta, com a própria resposta da avaliação de nota... e aí foi que eu percebi que a aprendizagem nunca ia acontecer... de mim pra ele, de me expondo apenas... eu acredito que essa questão do conhecimento tradicional, no caso de agricultores se revelarem mesmo... a própria vergonha de tratar de informações e de ser motivo de brincadeiras... o aluno ele ainda entende que o professor domina, é detentor de toda a informação.. do saber e tem de ser...(PE8) |
[...] eu achei muito interessante o diálogo de saberes porque até então a minha prática não abordava, era só da exposição. Eu dava um conteúdo e eles ficavam a mercê das minhas ideias.... eu abri a minha visão com relação ao diálogo...porque ele leva você, leva o aluno a enxergar... Que não é só o conhecimento do professor... através do diálogo a gente vai ter um enriquecimento mútuo... (PE3) |
[...] durante a minha formação acadêmica não pensava em hoje ser uma educadora, porém o diálogo entre saberes deve estar mais presente e consolidado em sala de aula, sei que posso valorizar ainda mais o conhecimento que meus alunos detêm e posso ajudá-los a serem investigadores até das suas verdades, fazendo-os, mesmo que difícil e para alguns colegas, impossível... posso fazer a diferença como um beija-flor na queimada de um trecho da floresta... (PE9) |
[...] na verdade o conhecimento científico ele vem... somar aos conhecimentos tradicionais... Por exemplo: índios que morrem de malária, eles não tem conhecimento, eles não se protegem, né, do transmissor. Porque ele não tem conhecimento que aquela doença exista, ou ele tem o conhecimento dele... sabe que pode usar, sei lá, uma reza, um chá de uma erva... mas ele não tem a ideia, a sequência de como o processo se dá... a ciência vem a contribuir para a solução de problemas. E um dos grandes problemas quando são introduzidos conhecimentos científicos é a aplicabilidade. O importante é levar os alunos a ver essa aplicabilidade, né? (PE5). |
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Tem uma parte que é colocado como conteúdo pra gente trabalhar... como trabalhar isso em sala de aula eu fico sem saber como, porque a gente foi preparada cientificamente. Por exemplo... é muito importante a questão das plantas medicinais. Porque muitas vezes eles utilizam e tem dois caminhos: um que é o científico, né, que foi levado pra pesquisa na academia.. que é só específico pra determinadas coisas, mas que eles utilizam pra outros tipos de doenças que eles desenvolvem... E até eles mesmo, que têm o conhecimento em casa, têm o remédio, acha que o que vai funcionar é o que tá na farmácia... quando a gente pensa que o rural tá tão, querem copiar o pessoal da zona urbana... os mais jovens, eles não querem seguir os ensinamentos dos seus pais, avós. Principalmente os que vão pra escola. (PE9) |