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Efeitos do contraceptivo oral contendo 20 µg de etinilestradiol e 150 µg de desogestrel sobre os sistemas de coagulação e fibrinólise

Effects of the oral contraceptive containing 20 µg of etinilestradiol and 150 µg of desogestral on the coagulation and fibrinolise systems

O uso de contraceptivos orais está associado a um risco aumentado de doenças tromboembólicas, o que pode ser explicado pelos seus efeitos sobre o sistema hemostático. Tem sido descrito que o uso de contraceptivos orais promovem alterações pró-coagulantes, e que essas alterações são acompanhadas dos aumentos da atividade fibrinolítica e dos inibidores naturais da coagulação, o que causaria um restabelecimento do equilíbrio hemostático. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do contraceptivo oral contendo 20 µg de etinilestradiol e 150 µg de desogestrel sobre os sistemas de coagulação e fibrinólise. Participaram do estudo 11 voluntárias que foram avaliadas antes e após seis meses de uso do contraceptivo oral. Os parâmetros analisados foram: atividades dos fatores VII, VIII, IX, X e XII (plasmas deficientes em fatores com detecção foto-óptica do coágulo), atividades da antitrombina, plasminogênio e a2-antiplasmina (ensaios cromogênicos), quantificação dos antígenos t-PA, produtos de degradação da fibrina e proteínas C e S (ELISA), TP, TTPA e concentração plasmática de fibrinogênio (detecção foto-óptica do coágulo). Observamos as seguintes alterações estatisticamente significantes (nível de significância de p<0,05): aumento das atividades dos fatores VIII, IX, X e XII, redução do TTPA, aumento da atividade do plasminogênio, aumento de proteína C e diminuição de proteína S. Com esses resultados sugerimos que o uso do contraceptivo oral testado promove um estado pró-coagulante. Entretanto, os mecanismos de restabelecimento do equilíbrio hemostático não podem ser garantidos, já que não observamos alterações suficientes que indiquem isso. Não observamos aumento nos níveis dos produtos de degradação da fibrina, o que indica que não ocorreram alterações na gênese e degradação de fibrina. Portanto, sugerimos que o uso do contraceptivo oral pode aumentar o risco de doenças tromboembólicas, principalmente em associação com outros fatores de riscos genéticos e/ou adquiridos.

Contraceptivos; coagulação; fibrinólise


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