Resumo
A crítica ao desenvolvimentismo tem levado a uma busca por novas atribuições de sentido à noção de desenvolvimento. Recentemente, um conjunto de trabalhos tem associado o desenvolvimento à noção de felicidade. Neste artigo, empreende-se uma análise de tal associação a partir da interpretação freudiana sobre a relação entre indivíduo e sociedade, principalmente aquela apresentada na obra clássica O mal-estar na civilização, de 1930. Assim, o que se apresenta neste trabalho envolve necessariamente (a) uma relativização da noção de felicidade baseada em indicadores; e (b) um contraste entre a nova proposta e o sentido que a noção de desenvolvimento assume em diferentes abordagens teóricas. Conclui-se que o esforço de reformar os indicadores de desenvolvimento não apresenta avanços conceituais significativos, senão mecânicos ou matemáticos. Ademais, a contribuição de Freud sobre o trade-off entre psiquismo humano e cultura não está contemplada criticamente na discussão dos novos indicadores.
Palavras-chave
Desenvolvimento; Felicidade; Índice de felicidade futura; Freud; Felicidade interna bruta