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O painel brasileiro de mudanças climáticas na interface entre ciência e políticas públicas: identidades, geopolítica e concepções epistemológicas1 1 Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no 3º Colóquio Nacional Ciência, Tecnologia e Sociedade: meio ambiente em transformação, na Universidade de Brasília, 2018, e beneficiou-se dos comentários de membros da audiência, aos quais agradeço. Agradeço também a Raoni Rajão pelas conversas a respeito da interface ciência e políticas climáticas no Brasil, que, desde 2013, ajudaram-me enormemente na concepção e encaminhamento do projeto de pesquisa que resultou neste artigo. Além disso, sou grato a dois pareceristas anônimos pelos comentários que me ajudaram a refinar e aprimorar minha argumentação. Por fim, agradeço à Capes pela bolsa via Programa Nacional de Pós-Doutorado e ao CNPq pelo financiamento via Chamada MCTI/CNPQ/MEC/CAPES Nº 22/2014 Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (processo número 471666/20149), que viabilizaram a realização da pesquisa.

The Brazilian Panel on Climate Change at the interface between science and public policy: identities, geopolitics and epistemological conceptions

Resumo

Este artigo examina de modo comparativo dois projetos distintos para o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O primeiro projeto consistiu na criação, por parte de cientistas brasileiros, de um painel nacional aos moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Já o segundo foi a tentativa de um formulador de políticas climáticas de reunir renomados cientistas brasileiros da área para produzirem réplicas científicas a minutas de relatórios do IPCC que contivessem dados ou teorias que fossem contra o interesse nacional. Trata-se de duas tentativas de coproduzir as ciências climáticas e a ordem social com implicações para a produção de diferentes instituições e identidades. Ao mesmo tempo, os dois projetos embasaram-se em representações distintas sobre a geopolítica climática internacional e sobre a epistemologia das ciências. A partir dessa comparação, procuro avançar a crítica de Myanna Lahsen sobre o modelo linear das relações entre cientistas e formuladores de políticas públicas. Argumento que a interface ciência/políticas climáticas no Brasil não deve ser entendida como um espaço colaborativo no qual dados e teorias científicas fluem de modo não problemático da comunidade científica para formuladores de políticas. Essa interface é uma arena de disputa onde diferentes grupos de atores procuram produzir realidades sociais distintas.

Palavras-chave
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas; Coprodução; Interface ciência/políticas públicas

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