Resumo:
Já se falou que a finalidade da musicologia compreenderia a descoberta do que a "linguagem musical" nos ensina do ser humano que seja diferente daquilo que a linguagem falada e outras manifestações e instituições primordiais dele nos ensinam. Nesses termos, parece óbvio que tal tarefa depende muito do que se entende por "linguagem". Não obstante o paradigma da linguagem ter sido um bordão na concepção musical ocidental, a comparação tendeu mais a enfatizar certas "carências" e "lacunas" da música, apresentando-a inequivocamente como inferior e mais limitada quanto, por exemplo, a uma eventual função cognitiva. O presente artigo pretende rediscutir essa questão à luz de contribuições contemporâneas do pensamento sobre a linguagem, notadamente na obra de alguns filósofos italianos, como Giorgio Agamben, Paolo Virno e Adriana Cavarero.
Palavras-chave:
relação música-linguagem; logocentrismo e performatividade; voz e filosofia da linguagem.