Resumo
Este artigo problematiza noções sobre o atributo humano de construir sentidos. Objetiva discutir as noções de representação e recursão a partir da metalinguagem presente nos romances de Clarice Lispector. Adota, como referencial teórico, considerações tecidas por autores de diferentes áreas do conhecimento que, em seus estudos, fomentaram o debate epistemológico acerca destas noções, como o filósofo Kant, o linguista Izidoro Blikstein e o biólogo Humberto Maturana. À luz dessas contribuições teóricas, analisa trechos dos romances A cidade sitiada, Água viva e A paixão segundo G.H., em que identifica a presença de reflexões sobre o desafio intransponível da representação. Nos trechos analisados, observa a alusão a uma semiose não verbal oculta na dimensão de uma práxis anterior à língua, mas, ao mesmo tempo, dela tributária; e percebe a ideia de que os sujeitos constroem os sentidos no fluir das recursões da práxis do viver.
Palavras-chave:
Linguagem; Representação; Recursão; Práxis do viver; Clarice Lispector