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Ser embruxado: Notas epistemológicas sobre razão e poder na antropologia* * As discussões que mantive com meus alunos da Universidade de Brasília foram fundamentais para a composição deste texto, apresentado em sua primeira versão no GT Entre fronteiras e disciplinas: estudos sobre África e Caribe, durante o encontro anual da Anpocs de 2008. A sessão em que apresentei a primeira versão deste artigo se intitulava Religião, feitiçaria e parentesco: novas perspectivas, e contou com Lygia Sigaud como debatedora. Não poderíamos ter tido uma leitora mais arguta ou comentadora mais inteligente e sensível do que ela. Não creio que seja o caso de dedicar este artigo à Lygia, mas muito mais de agradecê-la por ele. Posteriormente, compartilhei essas reflexões em outros fóruns. Sou igualmente grata às diversas contribuições recebidas ao longo desses anos e ao apoio financeiro do CNPq.

Being bewitched: Epistemological notes on reason and power in anthropology

Resumo:

A partir da experiência de farm dwellers sul-africanos em luta pelo direito a terras onde possam conviver com seus ancestrais, este texto aproxima Estado e Bruxaria a fim de discutir razão, poder, relativismo, cultura e universalismo. Ambos os conceitos, de alastrada presença na antropologia, mostram-se refratários aos projetos de transformação nos quais se empenham os sujeitos desta pesquisa, dedicados a se livrarem dos grilhões modernistas que, tendo por base um ideal de racionalidade, os segrega no tempo e no espaço. A perene e alastrada presença desses conceitos em etnografias contemporâneas tanto indica o caráter ativo do fardo modernista que a disciplina carrega como revela o quanto a abordagem antropológica se aproxima dos modos de embruxamento operados pelo Estado.

Palavras-chave:
África do Sul; Estado; bruxaria; etnografia

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