A elaboração do presente artigo objetivou promover uma discussão de cunho teórico acerca das relações de poder e gênero nas organizações. Para tanto, procurou-se extrapolar as limitações das abordagens que defendem a centralidade e a soberania do poder, mediante a adoção das concepções de poder relacional e de circuitos de poder que permitem reconhecer seus efeitos nas relações e interações entre indivíduos e nas práticas e discursos organizacionais que promovem e reforçam as assimetrias de gênero. A perspectiva adotada admite a existência de pontos de adesão e resistência ao poder, capazes de legitimar ou negar sua ação, entendendo as organizações como espaços em que homens e mulheres articulam suas relações por meio de movimentos de negociação, contestação e de luta de acordo com interesses em jogo. Neste trabalho, portanto, as relações de gênero são percebidas como mecanismos e práticas sociais que são instituídos e instituem ações e comportamentos.
Relações de gênero; relações de poder; organizações; circuitos de poder; auto-regulação