Contexto:
Aterosclerose é doença multifatorial, cuja base fisiopatológica é um processo inflamatório. Estudos são controversos quanto ao papel dos biomarcadores como fatores de risco. A liberação de citoquinas durante aterogênese promove síntese hepática de proteína C-reativa (PCR), importante marcador inflamatório.
Objetivo:
Avaliamos se biomarcadores inflamatórios estavam associados à deterioração da doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), em população de risco cardiovascular.
Métodos:
Estudo populacional sobre prevalência de diabetes, em que 1.330 indivíduos com ≥30 anos foram submetidos a exames clínico-laboratoriais. Diagnóstico de DAOP foi feito pelo índice tornozelo-braço (ITB) ≤0,90. Após exclusões, 1.038 indivíduos foram analisados. Fatores de risco tradicionais, PCR e interleucina 6 (IL-6) foram comparados também segundo três categorias de ITB (≤0,70; 0,71-0,90; ≥0,90). Valores médios das variáveis foram comparados segundo presença de DAOP (teste t Student) e categorias do ITB (ANOVA). Utilizou-se modelo de Poisson e regressão logística para avaliar associações da DAOP e categorias do ITB com fatores de risco. Estimou-se coeficiente de correlação linear de Pearson para relação entre os valores de PCR e IL-6.
Resultados:
A idade média foi 56,8±12,9 anos, 54% mulheres e prevalência de DAOP 21,0% (IC95% 18,4-24,1). Indivíduos com ITB ≤0,70 apresentaram maiores valores de PCR-us (2,1 vs. 1,8) e IL-6 (1,25 vs. 1,17. Apenas em portadores de DAOP, valores de PCR e IL-6 mostraram-se correlacionados (p=0,004).
Conclusão:
O achado de concentrações mais elevadas de PCR e IL-6 apenas em indivíduos com DAOP avançada pode sugerir um papel destes biomarcadores, indicando doença mais grave. Estudos prospectivos são necessários para testar esta hipótese.
aterosclerose; doença arterial periférica obstrutiva; biomarcadores