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Matéria e necessidade no conhecimento científico

Matter and necessity in scientific knowledge

Este artigo examina o papel da idéia de necessidade no conhecimento científico, principalmente contemporâneo, levando em conta a dificuldade de invocá-la como princípio para um conhecimento construído e de natureza simbólica, que não dispõe senão de um acesso indireto à realidade do mundo. A tese defendida aqui é que, mesmo que se atribua ao sujeito todo seu papel, o movimento da ciência só adquire sentido da imanência e seu motor é a necessidade. As ciências contemporâneas, em particular a física, parecem comportar essa visão, com suas avaliações das limitações inerentes aos sistemas teóricos de conceitos, com a superação e a reorganização dos últimos (ver, em particular, o papel dos princípios de invariância e de simetria, ou ainda, a significação do critério de "completude teórica relativa"). Os saberes científicos são formas simbólicas no mundo que possuem em si mesmas uma dimensão temporal e evolutiva: são postas à prova no tempo da história acompanhadas de uma modificação correlativa das estruturas da inteligibilidade, no sentido de uma adaptação das condições de possibilidade do conhecimento ao mundo imanente. A parte contingente dos conhecimentos científicos enquanto formas simbólicas parece, no fim das contas, dirigida subterraneamente pela necessidade da matéria do mundo.

Matéria; Necessidade; Ciência contemporânea; Completude; Imanência; Inteligibilidade


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