O presente artigo propõe uma leitura interpretativa do quadro Marte desarmado por Vênus e pelas Graças, última obra do pintor Jacques-Louis David, realizada em seu exílio em Bruxelas, entre 1822 e 1824. Essa obra rompe de modo peculiar com os cânones da estética neoclassicista, da qual David foi um dos fundadores e um dos principais expoentes. Em função disso, a obra teve e ainda tem uma complexa e contraditória recepção. Partindo da descrição da obra e considerando a história de sua recepção, este artigo buscará mostrar que o quadro manifesta de modo consequente a posição de David tanto em relação ao debate estético da época, quanto à situação política na Europa no período da Restauração dos Bourbon. O método que orienta a presente leitura inspira-se na concepção figurativa da história de Walter Benjamin, que não será, porém, debatida em detalhe aqui.
arte; política; Walter Benjamin; Jacques-Louis David; neoclassicismo