O trabalho, que antes era visto apenas como meio de sobrevivência e acúmulo de riqueza, tornou-se uma das principais dimensões da vida humana, fazendo com que os indivíduos sejam identificados mediante as atividades que realizam. Assim, o trabalho adquiriu um novo sentido para os indivíduos, uma vez que a realização pessoal está intimamente relacionada ao seu reconhecimento perante a sociedade. Diversos estudos têm abordado o trabalho por meio dos sentidos que os trabalhadores atribuem à atividade que realizam, como é o caso da presente pesquisa que investiga os sentidos produzidos por uma categoria distante das profissões formais: as prostitutas. Nesse intuito, objetiva-se apreender os sentidos subjetivos produzidos por mulheres que atuam na prostituição, em boates do interior de Minas Gerais. Para tanto, buscou-se, inicialmente, contextualizar a prostituição como profissão, desvendar a trajetória das participantes e a inserção delas nessa atividade, e levantar os sentidos subjetivos relacionados ao trabalho na prostituição. Participaram da pesquisa seis prostitutas que trabalham em boates. O levantamento dos dados deu-se por meio de uma entrevista que focou especificamente um fato marcante na trajetória profissional dessas mulheres. Optou-se pelo estudo de natureza qualitativa baseada na epistemologia qualitativa (Rey, 2005Rey, G. F. L. (2005). O valor heurístico da subjetividade na investigação psicológica. In G. F. L. Rey (Org.). Subjetividade, complexidade e pesquisa em psicologia (pp. 27-51). São Paulo: Thomson Learning.), e as análises foram fundamentadas pela acepção de sentido subjetivo. Rey (2005)Rey, G. F. L. (2005). O valor heurístico da subjetividade na investigação psicológica. In G. F. L. Rey (Org.). Subjetividade, complexidade e pesquisa em psicologia (pp. 27-51). São Paulo: Thomson Learning. defende que, entre o pensamento e a linguagem, está a emoção e que, por isso, nem sempre os sentidos subjetivos podem ser captados nas expressões diretas do sujeito. Ao final, apreenderam-se sentidos subjetivos relacionados ao trabalho na prostituição que se relacionam a violência, aborto induzido, abandono, desconfiança, preconceito, discriminação, humilhação, medo, insegurança e solidão. A análise dos sentidos subjetivos das prostitutas perante o trabalho que realizam mostrou-se oportuna para o entendimento de aspectos importantes da relação entre as participantes da pesquisa e os sentidos que atribuem ao seu trabalho, e possibilitou evidenciar que as relações no espaço do trabalho estão permeadas por inúmeras outras que ocorrem em outros espaços sociais de atuação dos sujeitos.
Trabalho; Sentidos subjetivos; Mulheres prostitutas; Relações de gênero; Prostituição