RESUMO
Objetivo
Investigar a prevalência e a intensidade da percepção da dor durante a histeroscopia diagnóstica, bem como os possíveis fatores relacionados.
Métodos
Foram incluídas 489 mulheres submetidas à propedêutica de infertilidade. A histeroscopia diagnóstica foi realizada sem analgesia ou anestesia, por ginecologistas com níveis de experiência diferentes em histeroscopia, usando histeroscópio rígido de 2,9mm. A Escala Visual Analógica foi utilizada para avaliar a intensidade da dor após a inserção do espéculo vaginal e após a histeroscopia. Os dados coletados incluíram idade, etnia, índice de massa corporal, história de infertilidade e cirurgia endometrial (curetagem e/ou histeroscopia), tabagismo e histeroscopia diagnóstica. Avaliou-se apenas o estado de ansiedade pelo Inventário de Ansiedade Traço-Estado de cada paciente antes do procedimento.
Resultados
A mediana (25ºa 75º) de histeroscopia pela Escala Visual Analógica foi 3,3 (3 a 5), e 41,7% das mulheres obtiveram pontuação ≥4. A mediana (25ºa 75º) do Inventário de Ansiedade Traço-Estado foi 42 (38 a 45), e 58,3% das mulheres referiram pontuação >40. A pontuação da Escala Visual Analógica da histeroscopia apresentou correlação estatisticamente significante com a experiência do cirurgião e a inserção do espéculo vaginal, mas não a pontuação do Inventário de Ansiedade Traço-Estado, etnia ou achados histeroscópicos anormais.
Conclusão
A histeroscopia diagnóstica foi percebida pela maioria das mulheres como desconforto leve, mas um número considerável de pacientes classificou o procedimento como doloroso. A percepção da dor esteve ligada ao limiar individual e à experiência do cirurgião, mas não aos níveis de ansiedade pré-procedimento, à etnia e nem aos achados histeroscópicos anormais.
Percepção da dor; Escala Visual Analógica; Histeroscopia; Ansiedade; Infertilidade