RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:
A neuralgia do trigêmeo é uma das dores neuropáticas mais comumente encontradas na região de cabeça e pescoço e manifesta-se como crises de choque ou queimação geralmente desencadeadas por estímulos não dolorosos na região da face. A sua etiopatogenia não é totalmente conhecida, mas sabe-se que diversos mecanismos contribuem para seu estabelecimento. O objetivo deste estudo foi abordar os contextos atuais de epidemiologia, diagnóstico, tratamento e mecanismos fisiopatológicos subjacentes à neuralgia do trigêmeo nos sistemas nervoso periférico e central.
CONTEÚDO:
A inflamação e a liberação de mediadores inflamatórios, neuropeptídeos e fatores neurotróficos, assim como alterações degenerativas das fibras nervosas decorrentes da lesão nervosa direta são mecanismos periféricos relevantes que, em conjunto ou isoladamente, levam à sensibilidade alterada dos neurônios nociceptivos, com desenvolvimento de atividade espontânea e exacerbada e, consequentemente, dor espontânea e hiperalgesia. Dentre os mecanismos centrais, a ativação exacerbada de neurônios nociceptivos centrais, a neuroplasticidade, as alterações nas propriedades eletrofisiológicas e a hiperexcitabilidade neuronal, além das modificações nos controles modulatórios da dor, são eventos que levam à instalação e à manutenção da dor.
CONCLUSÃO:
Diversos mecanismos estão envolvidos nas dores neuropáticas, tanto a nível periférico quanto central, apesar dos eventos específicos da neuralgia do trigêmeo não estarem totalmente elucidados. Estudos que abordem a sua neurobiologia específica são necessários para a compreensão das alterações funcionais e comportamentais presentes, com claras repercussões no tratamento e manuseio clínico da neuralgia do trigêmeo.
Descritores:
Dor neuropática; Etiopatologia; Nervo trigêmeo; Neuralgia do trigêmeo; Sensibilização central; Sensibilização periférica