RESUMO
Os escândalos financeiros das últimas duas décadas realçaram os debates sobre as práticas de governança corporativa das empresas. Nesse mesmo período, órgãos governamentais e não governamentais contribuíram para a evolução da governança, permitindo uma maior segurança aos possíveis investidores. Neste contexto, o conselho de administração apresenta-se como um mecanismo de Governança Corporativa, cuja missão é proteger e valorizar o patrimônio e maximizar o retorno dos investimentos corporativos. Este artigo tem como objetivo verificar a influência do conselho de administração sobre o endividamento das empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa da BM&F Bovespa, no ano de 2008. O presente trabalho pode ser classificado como uma pesquisa descritiva e empírica. Para analisar a influência do conselho no endividamento das empresas foi utilizado o método de Mínimos Quadrados Ordinários, numa amostra de 129 empresas. Os resultados mostraram que a proxy do conselho, apresentou uma relação negativa com o endividamento total e de longo prazo. Para as dívidas de curto prazo a relação foi positiva. Estes resultados podem ser interpretados como uma sinalização de que as empresas com melhores práticas de governança, ou seja, com maiores pontuações no índice utilizado, tendem a usar mais dívidas de curto prazo e menos dívidas de longo prazo. Desta maneira, entende-se que, devido à concentração de propriedade das empresas brasileiras, essas evidências refletem a aversão ao endividamento por parte dos controladores. Outra interpretação seria que a dívida, em particular a dívida de curto prazo, apresenta um potencial para disciplinar os gestores.
Palavras-chave:
Conselho de administração; Governança corporative; Endividamento