RESUMO
O objetivo do artigo é discutir as metodologias de pesquisas sobre redes de negócios que são utilizadas por autores brasileiros, a partir de uma amostra da produção científica do Congresso EnAnpad. A proposição orientadora, criada a partir de reflexões prévias, é que os pesquisadores brasileiros utilizam predominantemente metodologias clássicas de disjunção e redução do fenômeno, buscando relações causais estritas, com objetos de estudo que são os atores e que tal abordagem é um dos motivos de existirem poucos avanços teóricos nesse campo. Para atingir o objetivo, foi necessário buscar na literatura internacional sobre redes as convergências de afirmativas, que servem de base para as discussões. Entre elas destacam-se os fluxos como objeto de estudo e a dinâmica constante das redes, o que dificulta estabelecerem-se relações causais estritas. As convergências revelaram dois paradigmas; o paradigma racional econômico, com teorias sobre os custos de transação e estratégias de redes, e o paradigma social, com teorias sobre a sociedade em rede e as relações sociais determinando os processos e controles das relações técnicas da rede. Aceitando e tendo como base as premissas desses paradigmas, analisaram-se os artigos publicados no Congresso EnAnpad nos últimos dez anos e concluiu-se que a afirmativa se sustenta. Há dominância do paradigma racional econômico, com o uso de métodos clássicos de coleta e análise, com questionários e entrevistas sobre atitudes e percepções, buscando relações causais estritas e não se encontram benefícios, ou avanços teóricos. Entendemos que é possível trilhar outro caminho metodológico, que consideramos mais competente para captar o fenômeno de redes, a partir da teoria da sociedade em rede; dos princípios epistemológicos da teoria da complexidade, principalmente o princípio da não-disjunção, e com o uso dos métodos e técnicas decorrentes da abordagem da teoria dos sistemas, principalmente a afirmativa da retroalimentação. Com esses princípios, construiu-se uma proposta de desenho de pesquisa que integra o subsistema das relações sociais com o subsistema das relações de produção, que é um principio fundamental da abordagem social de redes, colocando-se o fluxo entre os atores como a unidade de investigação. Nesse sistema valoriza-se a historicidade, o fluxo, a mobilidade e a incerteza, que são as características mais evidentes do fenômeno de redes.
Palavras-chave:
Redes; Metodologia; Pesquisa