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Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos em pacientes tratados com metimazol: um estudo prospectivo brasileiro Como citar este artigo: Andrade GC, Maia FC, Mourão GF, Rosario PW, Calsolari MR. Antineutrophil cytoplasmic antibodies in patients treated with methimazole: a prospective Brazilian study. Braz J Otorhinolaryngol. 2019;85:636-41.

Resumo

Introdução:

Os efeitos adversos de drogas antitireoidianas são conhecidos. Vasculite associada a anticorpos anticitoplasma de neutrófilos é uma reação adversa grave. A maioria dos estudos que avaliam anticorpos anticitoplasma de neutrófilos relacionado a drogas antitireoidianas envolveu pacientes tratados com propiltiouracil, entretanto menos informação se encontra disponível para o metimazol. Além disso, a maioria dos estudos que investigaram anticorpos anticitoplasma de neutrófilos relacionado a drogas antitireoidianas foi conduzida em populações asiáticas.

Objetivo:

Avaliar a frequência de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos e vasculite anticorpos anticitoplasma de neutrófilos-positivo em uma população adulta de pacientes brasileiros tratados com metimazol.

Método:

Este foi um estudo prospectivo. Avaliamos pacientes ≥ 18 anos com doença de Graves com o uso de metimazol há pelo menos seis meses (Grupo A, n = 36); com doença de Graves previamente tratados com metimazol, mas que não usaram esse medicamento por pelo menos seis meses (Grupo B, n = 33) e com doença nodular em uso de metimazol há pelo menos seis meses (Grupo C, n = 13).

Resultado:

Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos foram detectados em 17 pacientes (20,7%). Quatro pacientes (4,9%) tinham anticorpos anticitoplasma de neutrófilos fortemente positivos. A frequência de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos foi semelhante nos grupos. Quando os Grupos A e B foram somados e comparados ao Grupo C para avaliar a influência da doença de Graves, e quando os Grupos A e C foram somados e comparados ao Grupo B para avaliar a influência da interrupção do metimazol, não foi encontrada diferença na frequência de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos. Não houve diferença em relação a sexo, idade, etiologia do hipertireoidismo, anticorpos antirreceptor de TSH, dose ou tempo de uso de metimazol entre pacientes com e sem anticorpos anticitoplasma de neutrófilos. Os títulos desses anticorpos não se correlacionaram com dose ou tempo de uso de metimazol. Nenhum paciente anticorpos anticitoplasma de neutrófilos-positivo apresentou evento clínico resultante de vasculite.

Conclusão:

Este estudo clínico de uma população brasileira apresenta frequência considerável de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos em pacientes tratados com metimazol, mas a repercussão clínica desse achado permanece indefinida.

PALAVRAS-CHAVE
ANCA; Metimazol; Vasculite

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