Ao mesmo tempo em que os recursos de interatividade da TV digital terrestre do Brasil podem promover inclusão digital, eles também tendem a provocar variações na experiência de assistir televisão. Considerando a hipótese que o afeto desenvolvido pelo público em relação à TV pode ser justificado pelo caráter oral do brasileiro, e a partir do fato que a realização de interações mais sofisticadas requer algum letramento por alfabetização, o artigo apresenta (i) reflexões relacionadas ao risco de afastamento de parcela significativa do público brasileiro de televisão (que possui limitações de alfabetização) com a chegada da interatividade e (ii) uma sugestão inicial de abordagem que pode aproximar esse público potencialmente excluído pela necessidade de alfabetização dos recursos de interatividade da nova TV. O artigo aborda conceitualmente - por meio da noção chave de cultura - o potencial estranhamento do público com a interatividade, culminando com a apresentação que é possível utilizar recursos da própria televisão interativa para proporcionar um nível de letramento por alfabetização suficiente para realizar interações sofisticadas na TV interativa brasileira, via abordagem performancial.
TV digital interativa; Letramento; Oralidade; Performance; Inclusão digital