Este artigo fundamenta-se em uma pesquisa empírica de cunho social em que são analisados os significados atribuídos por estudantes de medicina aos agrupamentos formados por eles próprios em uma universidade pública, indagando-se a partir daí sobre a relação desses espaços com o desenvolvimento da cidadania em uma sociedade de consumo na qual importantes deslocamentos estão ocorrendo. Obteve-se o material empírico através de observações em diversos cenários de convivência dos alunos e de entrevistas realizadas com estudantes de medicina, tendo como referencial teórico noções da educação crítica e do pós-estruturalismo. Os resultados revelam que são hegemônicas no espaço universitário festas e celebrações de grande visibilidade e de forte aspecto mercantilista. Também acontecem grupos de estudo, encontros religiosos, debates sobre afirmação da raça e da opção sexual, atividades comunitárias e científicas, porém com menor visibilidade e prestígio. Nesse contexto, o centro acadêmico e o centro esportivo, além das suas finalidades respectivas de engajamento político-estudantil e de organização de práticas esportivas, se constituem importantes espaços de convivência entre estudantes em diferentes períodos da graduação. Com base nesses resultados, discutimos o relacionamento a ser estabelecido entre esses espaços e o currículo universitário, tendo em vista valores de solidariedade, liberdade e deveres sociais.
práticas sociais; cidadania; identidades; educação médica