Resumo
O contexto social do sistema capitalista de produção impõe efeitos às relações de trabalho, tais como os cenários de precarização marcados pela instabilidade e insegurança para os trabalhadores. Propõe-se aqui a discussão de dados derivados de um estudo qualitativo realizado no município de Erechim, Rio Grande do Sul, de fevereiro a abril de 2018, o qual investigou a relação entre trabalho, corporeidade e saúde com base na análise de narrativas produzidas por catadores de materiais recicláveis e incursões etnográficas em seu contexto laboral. Buscou-se problematizar a incidência de entrega do corpo ao trabalho e suas repercussões no caso dos catadores participantes da pesquisa, considerando a dinâmica da saúde que integra as dimensões física, psicológica e social desses sujeitos. Os resultados indicam as circunstâncias de vulnerabilidade a que são expostos. Como se depreende de suas narrativas, o trabalho se vincula à necessidade, levando-os a desconsiderar as condições adversas implicadas em sua realização ou se adaptar a elas, ainda que os custos desse processo sejam altos. Tal realidade indica a premência de análises sobre as relações entre trabalho, saúde e desigualdade social no contexto brasileiro, considerando-se que saúde é um direito humano fundamental e seu usufruto deve estar ao alcance de todos.
catadores de materiais recicláveis; trabalho; corporeidade; saúde