O artigo analisa o conhecimento médico produzido sobre a região norte de Mato Grosso pelos médicos da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas, conhecida como Comissão Rondon (1907-1915). No início do século XX, essa região era pouco conhecida em termos geográficos, antropológicos e, especialmente, epidemiológicos. Um dos objetivos da Comissão era explorar cientificamente os locais por onde o fio telegráfico passaria. Desse modo, a análise do papel do conhecimento das populações sobre as localidades visitadas no processo de produção de conhecimento médico serve de peça fundamental neste estudo. O argumento central deste artigo é que as relações mantidas entre médicos e habitantes locais produziram importantes e ricas descrições sobre aspectos epidemiológicos e diversas crenças sobre saúde, doença e práticas de cura entre as populações do noroeste do país, que tiveram impacto nas ações médico-sanitárias da Comissão e nos serviços de montagem da infraestrutura do telégrafo por fio.
Comissão Rondon; Medicina tropical; Conhecimento popular; Malária; Mato Grosso; Rondônia