Na Reserva Extrativista (RESEX) do Rio Jutaí, Amazonas, os moradores têm manifestado expectativas e aspiram mudanças quanto ao manejo da andiroba (Carapa spp.). Na presente pesquisa, foram formuladas perguntas sobre as razões dessas mudanças e como elas estão acontecendo. Aspectos socioeconômicos e de manejo foram estudados em 31 unidades familiares de dez comunidades da RESEX. Utilizaram-se entrevistas semiestruturadas, observação participante e avaliação de tempo e esforço de trabalho. A população local atribuiu relevante significado para a espécie em razão do valor de uso, destacando-se as aplicações medicinais, na pesca de matrinxã (Brycon spp.) e de outras quatro espécies de peixe. O manejo da andiroba é realizado, principalmente, em áreas de floresta primária e é complementado pela maioria das famílias na forma de plantios, comercializando parte da produção no interior da RESEX. Análises multivariadas discriminaram um grupo que investe maior tempo e número de pessoas na coleta, tendo maior produção, no entanto com menor rendimento. Não existe tendência à especialização das atividades, pois as famílias são pluriativas. O fenômeno estudado se encaixa na proposta conceitual do neoextrativismo, na medida em que as práticas estão em transformação e incluem cultivo e beneficiamento.
Etnoconhecimento; Extrativismo não madeireiro; Pesca; Pluriatividade