Resumo
Processos demográficos na Amazônia permanecem explicados a partir da dinâmica da fronteira agrícola, um referencial aplicado à conjuntura da década de 1970. Buscando verificar sua capacidade de refletir a contemporaneidade da região, o trabalho apresenta um estudo sobre a mobilidade populacional em Santarém, um caso pertinente pela complexidade da configuração rural e recente inserção do agronegócio. Dados dos Censos Demográficos do IBGE e entrevistas em 311 propriedades rurais familiares foram usados para múltiplas análises migratórias. O resultado destacou a relevância da circulação interna na dinâmica do município, além de revelar que o meio rural é mais estável e menos impactado pela migração do que o urbano. Ao contrário do que a reflexão sobre fronteira usualmente preconiza, o êxodo rural teve baixo impacto no volume populacional e suas análises apontaram para novas tendências na composição de quem os realiza. A verificação de categorias de mobilidade latentes na bibliografia reforçou que a fronteira é plural e que seu referencial teórico é capaz de explicar somente parte das transformações rurais. A reconfiguração do meio rural só será amplamente compreendida quando contemplada a mobilidade intra-rural e a imigração rural, que tem na sua essência as relações de família, a identidade com rural e a dissolução da dicotomia rural-urbana.
Palavras-chave
Migração rural; Mobilidade intramunicipal; Reconfiguração do rural; Urbanização