No início da segunda parte das Afinidades eletivas, de Johann Wolfgang von Goethe, o narrador traça um paralelo entre a vida e o artifício do poeta para substituir, na epopéia, os protagonistas por figuras até então pouco notadas, justificando assim a crescente importância do arquiteto na sequência da narrativa. Este jovem artista vincula à sua arte uma esperança de permanência, de sobrevida. Ottilie discordará em seus apontamentos de diário. Ela vê nas ruínas das igrejas e nos destroços das lápides não só uma prova da transitoriedade desta vida, mas também do apagamento de uma segunda existência post-mortem: "Assim como sobre os homens, também sobre os monumentos, o tempo não abdica de seu direito". Partindo do ensaio de Walter Benjamin sobre as Afinidades eletivas e trazendo para as reflexões outro magnum opus de Goethe, o Fausto, o artigo tece considerações sobre os aspectos de arte, renúncia e morte na obra do poeta alemão.
Afinidades eletivas; Benjamin; arte; renuncia; morte