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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE UMA MORTE IMPOSSÍVEL: A PROSA DE QUEM NÃO PODE MAIS CONTAR

POSTHUMOUS MEMORIES OF AN IMPOSSIBLE DEATH: PROSE BY ONE WHO CAN NO LONGER NARRATE

Resumo

Brás Cubas, o defunto escritor de Machado de Assis, enuncia a prosa de quem não pode mais contar, encenando a impossibilidade de dizer, a qual, no pensamento de Maurice Blanchot, corresponde à impossibilidade da morte. Cubas morre, mas na realidade vive, estranha condição de quem em verdade não morreu porque não abandonou o mundo, mas vive a morrer porque eliminou a possibilidade de morrer após a morte. A astúcia de Cubas consiste em dar a impressão de fraqueza na vida e fora dela, fortalecendo-se na ressurreição da morte, na não negação de sua possibilidade. A literatura, assim, situa-se do outro lado da morte e da compreensão; ela pertence ao domínio da ausência de conclusão. Este texto, ao estabelecer um diálogo entre o romance de Machado e o pensamento de Blanchot, pretende mostrar como se realiza essa impossibilidade.

Brás Cubas; literatura; impossibilidade da morte

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