Resumo
Apesar da crítica à concepção cartesiana do ser humano, faltam modelos teórico-conceituais que superaram suas limitações, a despeito do destaque dado à integralidade no Brasil. A base filosófica que fundamenta as abordagens dominantes é implícita, até nos modelos orientais importados como nas medicinas tradicionais e Práticas Integrativas Complementares (PICs) que, a partir de 2006, são promovidas no SUS pela Política Nacional das Práticas Integrativas Complementares e portarias. Descontextualizadas, as adaptações e criações de novas modalidades de PICs orientais se desfiguram a partir de interesses comerciais e desconhecimento de seu histórico. A integralidade é perdida, pois a PIC é fragmentada e isolada no modelo biomédico mecanicista e biologicista. Este artigo objetiva apresentar as premissas filosóficas indianas dos tantras em seu contexto histórico, como fundamento para o Ayurveda, e as práticas contemplativas que visam o desenvolvimento espiritual. Sua breve contextualização baseia-se nas análises acadêmicas de textos históricos em sânscrito, como também de autores e mestres de tradições espirituais asiáticos e ocidentais. Os conceitos de mente, corpo, awareness e energia integram esta abordagem não dual, onde predomina a imanência. Revelam uma compreensão da natureza humana integrada com o universo de modo complexo e dinâmico, desenvolvida e pesquisada ao longo de milhares de anos.
Palavras-chave:
Tantra; meditação; ioga; mente; Ayurveda