Resumo:
Este artigo tem por objetivo analisar multimodalmente os recursos semióticos que a personagem Agrado, do filme Tudo sobre minha mãe de Almodóvar, mobiliza para desarticular a autenticidade de gênero ao enunciar um monólogo1 1 Neste artigo, usamos o termo 'monólogo' em sua acepção dramatúrgica: trata-se do texto dito por uma única personagem, sem interrupções significativas de outros interlocutores que possam estar presentes em cena. Fazemos este esclarecimento porque, em nosso entendimento, a linguagem é sempre dialógica e toda performance, coconstruída. . Como instrumental teórico-analítico, usamos três pistas indexicais - referência, predicação e descritor metapragmático (WORTHAM, 2001) -, a noção de posicionamento (DAVIES & HARRÉ, 1999) e os conceitos de reciclagem, reenquadramento e retransposição (TANNEN, 2006). Respaldando-nos nas Teorias Queer, objetivamos identificar as entextualizações (BAUMAN & BRIGGS, 1990; SILVERSTEIN & URBAN, 1996) que Agrado opera e as ordens de indexicalidade (BLOMMAERT, 2005) a que submete discursos em circulação.
Palavras-chave:
Performance narrativa; multimodalidade; posicionamento; entextualização; ordens de indexicalidade