Resumo:
“Naparama? Nunca eu tinha ouvido falar em gente dessa.” Com essa pergunta, o narrador Kindzu, criado pelo escritor moçambicano Mia Couto, apresenta-nos um dos eixos políticos e psicossociais do romance Terra sonâmbula (1992). Acompanharemos, nesse estudo, Kindzu, perspectivado pelos simbolismos, pela razão prática e poética dos Naparamas, dinamizando estratégias multiculturais através de suas ações e da escrita de diários, para compreender seu lugar no complexo processo pós-colonial de Moçambique. Através dos diários do filho de Taímo, em narrativa mise en abyme, o velho Tuahir e o adolescente Muindiga terão elementos tradicionais e contemporâneos para a coexistência nas espacialidades tensionadas de lugares e não lugares (AUGÉ, 2010AUGÉ, Marc. Por uma antropologia da mobilidade. Tradução de Bruno César Cavalcanti e Rachel Rocha de Almeida. Maceió: EDLTFAL/UNESP, 2010.; 2012AUGÉ, Marc. Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Tradução de Maria Lúcia Pereira. Campinas: Papirus, 2012.), com o objetivo de sobreviver ao corolário da guerra civil e para compreender possíveis mecanismos de reconstrução de sua nação.
Palavras-chave:
Mia Couto; Terra sonâmbula; Espacialidade; Descolonização