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Escritas do vento sul: entrevista com Vilma Arêas

South wind writings: interview with Vilma Arêas

Não se pode lê-los como romance, uma página depois da outra. Não dá. Exigem a pausa, a concentração, a releitura, o convívio com o texto. Convívio lento como no amor” Tais são as palavras de Vilma Arêas acerca de sua preferência pela feitura de contos. De fato, é assim que leitor se vê diante de seus textos ficcionais. Narrativas breves, sem muitas descrições e delongas, mas que nos estremece, deixam-nos suspensos, pasmos. Pedem o retorno, a procura, o comprometimento. Há que bailar no ritmo do texto, com personagens anônimos e enigmáticos. São trabalhos vagarosamente esculpidos por alguém que mora há muitos anos em São Paulo, mas que carrega dentro de si o “vento sul” fluminense (marca de sua infância em Campos dos Goytacazes e que está presente em muitas narrativas).

Pesquisadora-ensaísta e contista-ficcionista, Vilma plasma tanto a “matéria crítica” quanto a “matéria ficcional". No universo literário, estreou com Partidas (1976). Aos trancos e relâmpagos (Scipione, 1988) e A terceira perna (Brasiliense, 1992) foram agraciados com o prêmio Jabuti. Na sequência, lançou Trouxa frouxa (Cia das Letras, 2000) e Vento Sul (Cia das Letras, 2011); tendo este último conquistado o prêmio Alejandro José Cabassa, da União Brasileira de Escritores. Já no cenário crítico, o perspicaz Clarice Lispector com a ponta dos dedos (Cia das Letras, 2005) também recebeu o Jabuti, além do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Tem vários outros trabalhos críticos, resultantes de sua notável carreira acadêmica na PUC-Rio, na USP, UFF e na Unicamp; nesta última como professora titular do Departamento de Teoria Literária. É constitutivo de sua ficção e de sua ensaística o trabalho com a crise das relações humanas no contexto citadino contemporâneo (contradições e contravenções familiares, preconceito e subalternidade, violência e marginalização, etc.).

Nesta entrevista, gentilmente concedida em maio de 2016, Vilma nos brinda com opiniões e confissões de sua trajetória como escritora e crítica. Com galhardia e, ao mesmo tempo, com um humor simples e cativante, ela nos diz de seu primeiro encantamento pela escrita, de suas memórias e preferências, de sua linguagem ficcional, de alguns contos especificamente, de sua aversão aos rótulos que circundam os estudos literários, e questões outras. Aqui, Vilma também é sem rodeios, constrói frases curtas, mas o faz com enlevo e bom humor. Na conversa que se segue, encontrar-se-á um sentimento poético extraordinário.


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