Resumo:
O presente artigo tem por finalidade analisar os ethé discursivos construídos pelos sujeitos comunicantes na situação de comunicação conhecida como Golpe do Falso Sequestro. Para que nosso objetivo fosse alcançado, fizemos a análise do corpus, constituído por três gravações telefônicas de golpes do falso sequestro, baseando-nos nos estudos de Maingueneau (2008MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do ethos. In: MOTA, Ana Raquel; SALGADO, Luciana (Org.). Ethos Discursivo. São Paulo: Contexto, 2008.), Amossy (2005AMOSSY, Ruth. Da noção retórica de ethos à análise do discurso. In: AMOSSY, Ruth (Org.). Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2005.) e Charaudeau (2012CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo: Contexto, 2012., 2015CHARAUDEAU, Patrick. Discurso político. São Paulo: Contexto, 2015.), bem como em alguns teóricos da Linguística Forense, como Coulthard & Johnson (2007COULTHARD, Malcolm; JOHNSON, Alison. An Introduction to Forensic Linguistics: Language in Evidence. New York: Routledge, 2007.), Olsson (2008OLSSON, John. Forensic Linguistics. New York: Continuum, 2008.) e Souza-Silva (2009). Após a nossa análise, notamos que os sujeitos que se passam por sequestradores tentam construir para si determinados ethé que corroboram os argumentos por eles utilizados no processo interacional. Na medida em que os argumentos constituem-se, principalmente, de intimidações e ameaças, os ethé construídos são, frequentemente, o de alguém cruel e disposto a cumprir com suas ameaças, ou seja, o ethos de potência subsidiado por certos imaginários sociodiscursivos acerca da criminalidade.
Palavras-chave:
ethos discursivo; argumentação; criminalidade; linguística forense