Acessibilidade / Reportar erro

MORFOLOGIA DAS SEMENTES DE 35 GÊNEROS DE SCROPHULARIACEAE DO BRASIL - SUA APLICAÇÃO À SISTEMÁTICA DESTA FAMÍLIA

RESUMO

O presente trabalho visa a determinação dos gêneros, através das características seminais encontradas nas 99 espécies estudadas.

Verificou-se uma variação não só no formato, quanto nas esculturações da testa e número de sementes por cápsula.

Com base no formato e nas esculturações, foram estabelecidos 12 tipos de sementes, (Ichaso, 1978)além dos 5 anteriormente criados por Thieret.

Observou-se, então, que a tribo Gratioleae é a que possui maior número de tipos, englobando o reticulado-foveado, o reticulado, o foveado, o longitudinal-sulcado, o sulcado-ondulado-Tetraulacium e o granulado-Stemodia.

Nos gêneros que a compõem, há uma predominância do tipo reticulado, que ocorre em Bacopa Aubl., (figs. 1-20), Mecardonia Ruiz et Pav. (figs. 20-25), Stemodia L. (figs. 28 e 34), Otacanthus Lindl. (figs. 35-37), Lindernia All. (fig 41), Scoparia L. (Figs. 44-46), Achetaria Cham. et Schlecht. (fig. 47), Capraria L. (fig. 48), Gratiola L. (fig. 49), Mazus Lour. (fig. 50). Segue-se o tipo longitudinal-sulcado, encontrado em dois gêneros: Stemodia L. (figs. 26,27, 30-32) e Limosella L. (Fig. 52).

Dentre as Gratioleae é Stemodia L., o gênero que apresenta maior variação nos tipos: possui o granulado (figs. 25,29,33), o reticulado (figs. 28 e 34) e o longitudinal-sulcado (figs. 26,27,30-32).

Seguem-se as tribos Verbasceae (reticulado-foveado), Calceolarieae (longítudinal-sulcado, fig. 56) e Hemimerideae (cristado-reticulado (figs. 57-67), todas elas com apenas um gênero.

A tribo Antirrhineae, representado, no Brasil, por 4 gêneros, serviu de base à criação de 5 tipos de sementes, (Ichaso, 1978: 339) pois as 2 espécies de Antirrhinum L., variavam suficientemente e permitiram, cada uma, a criação de um tipo (figs. 68-69). Assim, tem-se os tipos: muricado-reticulado-alado (fig. 68), o densomuricado (fig. 69), o ondulado-alado-Linaria (figs. 70,70a), o corticoso-cristado-Cymbalaria (fig. 71) e o cristado-aiado-Maurandia (fig. 72).

Chega-se às Digitaleae, também com apenas um gênero. Digitalis L., que possui o tipo reticulado (fig. 73).

As Veroniceae, com Veronica L., serviram à criação de 2 tipos: o escavado-marginado (fig. 76) e o pseudo-laevis (figs. 74,75-75a e 77), Ichaso I.c.: 340-341.

As Buchnereae, têm o tipo reticulado-inflado, como o predominante, pois ocorre em Gerardia L. (figs. 85-87), Nothochillus Radlk. (fig. 90), Castilleja L. (fig. 91), Melasma Berg. (fig. 92), Alectra Thunb. (fig. 93-94) e em Escobedia Ruiz et Pav. (fig. 95). Em Buchnera L. (figs. 78-83) e em Anisantherina Pennell, encontra-se o tipo reticulado. O tipo linear-oblongo ê encontrado em Physocalyx Pohl. (figs. 96-97).

Quanto ao número de sementes por cápsulas, variam de poucas (menos de 25) em Veronica L., Tetraulacium Turcz. Antirrhinum L., Cymbalaria Hill, a numerosíssimas (acima de 300), em Physocalyx Pohl. e Escobedia Ruiz et Pav.

Pode-se estabelecer uma correlação entre os diversos tipos de sementes, partindo-se do tipo foveado, chegando-se ao reticulado e daí alcançando-se os mais adaptados à anemocoria e assim, considerados os mais evoluidos, dentro da concepção de que qualquer adaptação a este tipo de dispersão, seria um grau de evolução alcançado pelas sementes.

Pôde-se estabelecer um critério de diferenciação, utilizando-se, apenas, o caráter semente, para elaboração de uma "chave".

Levantou-se a problemática de Anisantherina Pennell, ser um sinônimo de Rhamphicarpa Benth. emend. Engler, problema esse que só será solucionado, depois de exame de espécies africanas do gênero mencionado.

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br