FUNDAMENTOS: A via de acesso transradial é uma técnica empregada mais recentemente na realização de procedimentos percutâneos coronários (diagnósticos e terapêuticos), sendo que apresenta várias vantagens em relação ao acesso femoral. Apesar disto, o acesso radial tem sido empregado de rotina apenas em uma minoria dos laboratórios de hemodinâmica de nosso país. OBJETIVO: Determinar a influência da curva de aprendizado sobre o índice de sucesso e a incidência de complicações associadas à realização tanto de procedimentos diagnósticos quanto terapêuticos pela via radial. MÉTODO: Foram analisados 3.500 pacientes consecutivos submetidos a procedimentos pela via radial, no período de abril de 2000 a junho de 2003. Foram excluídos desta análise pacientes com teste de Allen anormal e em programa de hemodiálise. O efeito da curva de aprendizado sobre os índices de sucesso e ocorrência de complicações foi avaliado comparando-se os resultados obtidos nos primeiros 500 pacientes (Grupo I) com os observados nos restantes 3000 pacientes (Grupo II). RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos no que diz respeito ao sexo, à idade e ao tipo de procedimento realizado (diagnóstico ou terapêutico). A taxa de sucesso foi significativamente superior (98,1% contra 95,2%, p<0,01) e a ocorrência de complicações associadas ao sítio de acesso vascular significativamente menor no Grupo II (2,4% contra 6,1%, p<0,01). Adicionalmente, foi observado aumento progressivo dos índices de sucesso do procedimento com o incremento da experiência. Desta forma, o sucesso na realização do procedimento pela via radial nos primeiros 50, 100, 500 e 1.000 casos foi de, respectivamente, 88%, 94%, 97 e 98%. CONCLUSÃO: A técnica radial está associada a uma curva de aprendizado longa, que excede os primeiros quinhentos pacientes, sendo que a incidência de sucesso aumenta e a ocorrência de complicações diminui, de maneira significativa, com o aumento do número de casos.
Artéria radial; Coronariopatia; Angiografia; Angioplastia; Coronary angiography, métodos; Competência clínica; Aprendizagem; Cateterismo periférico, métodos