Resumo:
Gostaria de ampliar neste artigo a análise de um episódio histórico ocorrido entre 1836 e 1841: a ocupação francesa do território litigioso situado entre o Brasil e a Guiana Francesa. Pretendo considerar dois fatores regionais que, a meu ver, influenciaram a decisão tanto do governo de Caiena como do governo metropolitano de construir fortes militares na região. Tais fatores são a Cabanagem e as tentativas dos negros Bonis de se instalarem no baixo Oiapoque. Entendo também que a retirada francesa do lago do Amapá, em 1840, mas não do posto à margem direita do rio Oiapoque, se deva não só a fatores internacionais e diplomáticos como também a questões de ordem regional. Não querendo negar os interesses do governo de Paris de expandir o território de sua colônia sul-americana, pretendo chamar a atenção para as ameaças - reais ou fictícias - dos cabanos2 2 Sobre o significado do termo cabano, ver o trabalho de LIMA, Leandro Mahalem. Rios Vermelhos. Tese (Mestrado em Antropologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Interessante notar que Caetano da Silva, em 1860, não utilizou o termo cabano para designar os revoltosos. Referiu-se a eles como um bando de insurgentes do interior da província. SILVA, Joaquim Caetano da. O Oiapoque e o Amazonas. Uma Questão Brasileira e Francesa. Campinas: IFCH - UNICAMP/ Secult, 2010. ( 4° edição organizada e coordenada por Paulo Miceli e Janaina Camilo), p. 149. e dos negros Bonis, provenientes da Guiana Holandesa.
Palavras-chave:
fronteira Brasil-Guiana Francesa; cabanos e Bonis; escravos fugidos