Resumo
Durante a primeira metade do século XIX no Rio de Janeiro, a produção do conhecimento médico estava intimamente associada à prática e àobservação dos pacientes em seus leitos, unindo o ensino na Faculdade de Medicina aos cuidados de saúde com ospacientes e, posteriormente, ao registro e divulgação das reflexões em teses, manuais, livros e periódicos. Este artigo investiga a construção do conhecimento médico na primeira metade do século XIX a partir das experiências médicas de Cruz Jobim na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Ao analisar discussões publicadas nos periódicos da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro e os textos de Jobim, demonstramos a importância dos pacientes escravizados em tratamento naquele estabelecimento para a construção de teorias etiológicas que influenciaram a medicina brasileira por todo o século XIX. Assim, é possível perceber o quanto a produção de saberes e o cotidiano das práticas médicas estevecomplemente imerso no universo da escravidão.
Palavras-chave:
História da Medicina; escravidão; século XIX; História das Doenças