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DUAS NARRATIVAS PARA O LUGAR DOS INDÍGENAS NAS ORIGENS DA NAÇÃO: A HISTÓRIA FICCIONAL DE MAGALHÃES E ALENCAR

RESUMO

História e literatura exprimem sentidos ao mundo social por meio de narrativas que subsidiam a investigação histórica, com pistas fragmentárias de suas redes de interlocução social e intertextual. Em consonância com esses pressupostos teórico-metodológicos, este artigo analisa o indianismo preconizado pelo Romantismo brasileiro, por meio do estudo da polêmica entre Domingos José Gonçalves de Magalhães e José de Alencar. A Confederação dos Tamoios (1856), poema épico escrito por Magalhães e narrado em forma de versos, descrevia o conflito empreendido pelos índios Tamoios, no período de 1554 a 1567, contra os portugueses e sua prática de escravização indígena. O poema não teve aceitação totalmente elogiosa, com destaque para as críticas de José de Alencar que, sob o pseudônimo de Ig, alegou que o formato de epopeia não captava o heroísmo idealizado às personagens indígenas e às especificidades do Brasil mediante o pouco destaque atribuído às características da natureza. O ponto de convergência na abordagem de ambos era a ênfase na figura do indígena, gestada a partir de uma aproximação com os relatos de cronistas, mas por intermédio de maneiras distintas de usufruto: Magalhães adotava a fidelidade ao “testemunho”, sem a idealização, enquanto Alencar seguiu o caminho inverso e poetizou os nativos. Tais embates literários confirmaram a formulação de uma literatura romântica pautada no estudo de cronistas para a composição de textos ficcionais, demarcando a evidência da fluidez entre história e literatura no universo letrado oitocentista.

PALAVRAS-CHAVE:
Confederação dos Tamoios; Gonçalves de Magalhães; José de Alencar; natureza; indígenas

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