RESUMO
Com base em documentos de agências governamentais, este artigo analisa a política dos EUA em relação aos golpes militares perpetrados no Brasil (1964), no Chile (1973) e na Argentina (1976) em um período em que o tema dos direitos humanos emergia na esfera pública, desafiando a lógica de contrainsurgência da Guerra Fria. Argumenta-se que o dilema criado pelo dano à imagem dos EUA devido à associação com regimes autoritários foi encarado com base na avaliação, caso a caso, sobre os riscos que um recuo traria para seus interesses econômicos, políticos e de segurança. Em um processo histórico que levaria posteriormente à eleição de Jimmy Carter, a linguagem dos direitos humanos foi sendo progressivamente incorporada na política externa estadunidense, primeiro a contragosto, em seguida de forma estratégica, em momentos quando se avaliou que nem os negócios nem a segurança estadunidense estavam ameaçados.
Palavras-chave:
ditaduras do Cone Sul; política externa estadunidense; direitos humanos; Guerra Fria