RESUMO
O artigo analisa as práticas de nominação adotadas por descendentes de cativos no litoral do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, observando três gerações de uma família específica entre os séculos XIX e XX. Foram analisados inventários, testamentos, documentação paroquial e produzidas entrevistas, a fim de reconstituir trajetórias familiares e identificar práticas de nominação. Decompondo-se as denominações em prenomes, sobrenomes e tecnonímicos, busca-se ir além dos vínculos verticais que os ligavam às famílias senhoriais, enfocando-se também as solidariedades horizontais. Entende-se que essas pessoas imprimiram, em suas formas de nomear, a memória de seus familiares, recriando vínculos com uma ancestralidade cativa, o que pode representar a recriação de sistemas africanos de linhagens.
Palavras-chave:
ex-cativos; nominação; solidariedades; memória da escravidão; ancestralidade