Resumo
Neste artigo apresento as transformações e continuidades do culto no Brasil a Legba, entidade africana de origem fon-ewe, com especial atenção a sua prática no tambor de mina maranhense. Parto do processo de reinterpretação feito pelos europeus dessa entidade na África e como esse processo se estendeu ao Brasil por ocasião da Diáspora Africana ocasionada pela escravidão. Meu argumento central é que esse processo de trocas estendido para as Américas ganhou novos interlocutores e complexidade ainda maior afetando os vários sistemas em contato. Se, por um lado, o trabalho da conversão obrigatória propiciou a demonização de Legba, por outro lado, certas características de Legba possibilitaram uma absorção do catolicismo segundo os princípios cosmológicos da mitologia africana de origem.
Palavras-chave
Legba; demônio; candomblé jeje; religiões afro-brasileiras; divindades