Dulce María Loynaz e Cecília Meireles são lidas como poetas que compartilham, com suas poéticas singulares, uma estética memorialista e reflexiva, simbolistas extemporâneas, inclassificáveis. Sobre temporalidade, saberes e genealogia, funções principais da memória, reflete este artigo que se aprofunda em Últimos dias de una casa (1958) e Solombra (1963), poemas-livros da problemática do ser na temporalidade e dos processos de constituição/destruição da identidade que acontecem, precisamente, no tempo humano da memória. Estudam-se esses poemas de ficção do memorável nas suas diferenciadas formas de compor e significar ao coletar e preservar vestígios da memória injuriada, mutilada, ferida de morte, configurando uma volta ao passado imaginado, mas também uma abertura às "memórias do porvir" em uma poética paradoxal da memória incólume e devastada.
poéticas da memória; vestígios; simbolismo; poesia brasileira e cubana; Cecília Meireles; Dulce Maria Loynaz