O objetivo deste estudo é refletir sobre a manifestação do duplo na novela "O unicórnio", de Hilda Hilst, como evidência da impossibilidade de se expressar aquilo que não pode ser expresso. Ecoando a experiência insólita de Gregor Samsa, a narradora dessa novela vê-se subitamente transformada em uma criatura desproporcional, absurda. Duplo da narradora, esse novo "eu" que ela se torna explicita a tortuosa relação, que percorre todo o texto, entre uma profunda necessidade de se compreender o mundo e um mundo que se fecha ríspido em seu silêncio, negando-se a ser compreendido. Interpretando o surgimento do duplo-unicórnio como marca principal dessa confrontação, esperamos esboçar, nas próximas linhas, algumas reflexões sobre os limites da linguagem diante do indizível.
"O unicórnio"; duplo; limitações da linguagem; Hilda Hilst