resumo
No livro a cadela sem Logos (2006), de Ricardo Domeneck, há um esforço para ressignificar o papel performático da voz, num gesto crítico diante do consenso sobre a democracia brasileira que se consolida a partir desse período. Para isso, emprega uma variedade de recursos estruturais que expõe a importância dos elementos fonéticos insignificantes (isto é, que não participam da significação) quando entram em conflito com o ato de enunciação, formando aquilo que denomina “contexto”. O artigo busca retraçar esses procedimentos, apontando a dimensão política de tal estratégia, com a qual se procura abalar as divisões entre anatomia e semântica, público e privado, voz e fala, por meio de uma auscultação do corpo, nos limites entre o individual e o social.
Palavras-chave:
Ricardo Domeneck; poesia brasileira contemporânea; democracia; poesia e corpo