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Traduzindo tolo: “eu canto o que ela cantou que ele disse que...” ou “quando cantamos somos todas hipermulheres”

Translating tolo: “I sing what she sang that he said...” or “When we sing, we are all hyper women”

Traducindo tolo: “Yo canto lo que ella cantó que él dijo que...” o “Cuando cantamos somos todas hiper mujeres”

resumo

Entre os Karib alto-xinguanos, povo ameríndio incluído no Alto Xingu, sistema regional multilíngue da periferia da Amazônia meridional, tolo é a festa, a dança e os cantos executados exclusivamente por mulheres. Os cantos tolo formam um complexo ritual e musical em contraste/complementaridade com as flautas kagutu, domínio masculino e interditas às mulheres. Os tolo são curtos poemas cantados, em que, no lugar do nome de um itseke (“hiperser”), chamado ou nomeado pela flauta kagutu, é cantado o nome de um amante/amado humano. Os tolo são, assim, versões musicais profanas das peças kagutu. Neste artigo, são retomados trabalhos anteriores, agora focando a estrutura paralelística e recursiva desses cantos, cujos “textos”, em língua karib alto-xinguana, são pinceladas narrativas de eventos, sentimentos e paixões que perpassam a vida cotidiana das mulheres (e dos homens) numa aldeia da Amazônia meridional. Exemplos retirados de um vasto repertório, internamente complexo, coletado entre os Kuikuro, de quase 400 cantos ilustram o trabalho de transcrição e de tradução possível, embora árduo, desta arte vocal ameríndia.

Palavras-chave:
artes verbais ameríndias; Karib; Kuikuro; tradução

Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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