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Autoficção e experiência em O pai da menina morta, de Tiago Ferro

Autofiction and experience in O pai da menina morta, by Tiago Ferro

Autoficción y experiência em O pai da menina morta, de Tiago Ferro

Resumo

Com base nos conceitos de “experiência do fora” de Maurice Blanchot e “experiência interior” de Georges Bataille, neste artigo analiso o deslocamento do sujeito para o fora no romance O pai da menina morta, de Tiago Ferro. Embora Blanchot recuse o Eu que fala na obra literária e seu discurso pessoal, proponho, ainda assim, como chave de leitura, a autoficção, que se concretiza no texto não como recurso estilístico e crítico (como se observa com frequência na literatura contemporânea), mas enquanto deslocamento do eu empírico do escritor para outro, dando origem a um duplo que não mais remete a um real precedente e tampouco constitui uma cópia, cujo sentido só se concretiza com o leitor e sua experiência pessoal que preencherá os espaços vazios da narrativa. Objetivo demonstrar, portanto, como as duas leituras não são contraditórias, mas complementares na medida em que o centro da narrativa está no deslocamento, depois da experiência de perda vivenciada pelo personagem anônimo e sua necessidade de se ajustar diante da ausência. A partir de sua própria experiência, Ferro cria um romance lírico e fragmentado que, nascido da morte, busca pelo que ainda resta de vivo nesse sujeito que não quer, e nem pode, ser chamado de Eu.

Palavras-chave:
experiência do fora; experiência literária; Tiago Ferro; autoficção

Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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