Objetivo:
Investigar o efeito da concordância entre diferentes avaliadores no julgamento perceptivo da hipernasalidade na previsão do fechamento velofaríngeo (FVF).
Métodos:
Dois modelos de regressão logística foram desenvolvidos com o objetivo de se prever o FVF utilizando as seguintes características: FVF (adequado, marginal e inadequado), determinado pela técnica fluxo-pressão, grau da hipernasalidade (ausente, leve, moderado, grave) e a presença/ausência de emissão de ar nasal e ronco nasal, determinados perceptivamente por três fonoaudiólogas experientes. O primeiro modelo foi composto de 100 amostras de fala com índice de concordância moderado para a hipernasalidade (coeficiente kappa: 0,41) e o segundo, de 43 amostras com concordância total entre os avaliadores. O teste do χ2 foi utilizado para comparar os modelos (p≤0,05).
Resultados:
No primeiro modelo, 65 das 100 amostras foram classificadas na categoria correta de FVF, sendo 42 adequado e 23 inadequado. O FVF marginal não foi previsto. O segundo modelo classificou 31 das 43 amostras na categoria correta, sendo 21 FVF adequado, 5 marginal e 5 inadequado. Não houve diferença (p=0,526) entre os dois modelos. No entanto, o segundo mostrou proporção de acerto mais alta (7%) do que o primeiro modelo, além de ter conseguido prever o FVF marginal.
Conclusão:
Esses resultados mostram a importância da concordância total entre diferentes avaliadores quando se utilizam parâmetros subjetivos de avaliação da fala, especialmente quando comparados com a avaliação instrumental, e sugerem a necessidade de estratégias para o treinamento e calibração de avaliadores no julgamento perceptivo a fim de aumentar a confiabilidade da avaliação perceptivo-auditiva da fala.
Fala; Fissura Palatina; Insuficiência Velofaríngea; Reprodutibilidade dos Testes; Rinomanometria