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Avaliação dos níveis séricos de interleucina-6 e interleucina-10 nos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica versus convencional

Resumos

OBJETIVO: Correlacionar a dosagem sérica pré-operatória e pós-operatória de interleucina-6 (IL-6) e interleucina-10 (IL-10) entre pacientes submetidos à colecistectomia laparotômica versus videolaparoscópica. MÉTODOS: De um total de 20 pacientes, 18 foram incluídos no estudo, sendo nove submetidos à colecistectomia laparoscópica e os outros nove utilizando a técnica laparotômica. As concentrações séricas de IL-6 e IL-10 foram dosadas em ambos os grupos. As amostras de sangue foram obtidas nos tempos de 24 horas no pré-operatório, quatro, 12 e 24 horas após o procedimento. Os grupos foram comparados em relação à idade, sexo, índice de massa corpórea (IMC), tempo de anestesia e de operação. RESULTADOS: Não houve diferenças significativamente estatísticas entre os grupos relacionadas à idade, sexo, IMC, tempo de anestesia e de operação. A comparação entre a colecistectomia laparotômica e laparoscópica demonstrou diferenças estatísticas nos níveis de IL-6 no tempo 12 horas após operação (218,64pg/ml laparotômica versus 67,71pg/ml laparoscópica, p=0,0003) e IL-10 no tempo de 24 horas após o procedimento (24,46pg/ml aberta versus 10,17pg/ml laparoscópica, p <0,001). CONCLUSÃO: Houve aumento das dosagens de interleucinas-6 e 10 após o trauma cirúrgico. Ocorreu aumento significativo dos níveis das interleucinas analisadas no grupo laparotômico em comparação com o grupo laparoscópico.

Marcadores biológicos; Laparoscopia; Colecistectomia; Interleucina-6; Interleucina-10


OBJECTIVE: To correlate serum preoperative and postoperative interleukin-6 and interleukin-10 levels in patients undergoing laparotomy versus laparoscopic cholecystectomy. METHODS: From a total of 20 patients, 18 were included in the study, nine underwent cholecystectomy by laparoscopy and the other nine by laparotomy. Serum concentrations of IL-6 and IL-10 were measured in both groups. Blood samples were obtained in the times of 24 hours preoperatively and four, 12 and 24 hours after the procedure. The groups were compared regarding age, gender, body mass index (BMI), duration of anesthesia and operation. RESULTS: There was no significant statistical differences between groups related to age, gender, BMI, duration of anesthesia and operation. The comparison between the two procedurs demonstrated statistical differences for IL-6 in time 12 hours after operation (218.64 pg/ml laparotomic versus 67.71 pg/ml laparoscopic, p = 0.0003) and for IL-10 in time 24 hours after the procedure (24.46 pg/ml open versus 10.17 pg/qml laparoscopic, p <0.001). CONCLUSION: There was an Increase in plasma levels of interleukin-6 and 10 after surgical trauma with a significant increase in levels of interleukins in the laparotomic group in comparison with the laparoscopic group.

Biological markers; Laparoscopy; Cholecystectomy; Interleukin-6; Interleukin-10


ARTIGO ORIGINAL

Avaliação dos níveis séricos de interleucina-6 e interleucina-10 nos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica versus convencional

Fábio Porto SilveiraI; João Eduardo Nicoluzzi, TCBC-PRII; Nestor Saucedo Saucedo JúniorIII; Fábio SilveiraIV; Guilherme Matiolli NicollelliIII; Bruno Souza De Albuquerque MaranhãoIII

IMestrando em Cirurgia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)

IIProfessor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da PUC-PR

IIICirurgião Geral do Hospital de Caridade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba PR-BR

IVCirurgião do Aparelho Digestivo do Hospital de Caridade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba-PR-BR

RESUMO

OBJETIVO: Correlacionar a dosagem sérica pré-operatória e pós-operatória de interleucina-6 (IL-6) e interleucina-10 (IL-10) entre pacientes submetidos à colecistectomia laparotômica versus videolaparoscópica.

MÉTODOS: De um total de 20 pacientes, 18 foram incluídos no estudo, sendo nove submetidos à colecistectomia laparoscópica e os outros nove utilizando a técnica laparotômica. As concentrações séricas de IL-6 e IL-10 foram dosadas em ambos os grupos. As amostras de sangue foram obtidas nos tempos de 24 horas no pré-operatório, quatro, 12 e 24 horas após o procedimento. Os grupos foram comparados em relação à idade, sexo, índice de massa corpórea (IMC), tempo de anestesia e de operação.

RESULTADOS: Não houve diferenças significativamente estatísticas entre os grupos relacionadas à idade, sexo, IMC, tempo de anestesia e de operação. A comparação entre a colecistectomia laparotômica e laparoscópica demonstrou diferenças estatísticas nos níveis de IL-6 no tempo 12 horas após operação (218,64pg/ml laparotômica versus 67,71pg/ml laparoscópica, p=0,0003) e IL-10 no tempo de 24 horas após o procedimento (24,46pg/ml aberta versus 10,17pg/ml laparoscópica, p <0,001).

CONCLUSÃO: Houve aumento das dosagens de interleucinas-6 e 10 após o trauma cirúrgico. Ocorreu aumento significativo dos níveis das interleucinas analisadas no grupo laparotômico em comparação com o grupo laparoscópico.

Descritores: Marcadores biológicos. Laparoscopia. Colecistectomia. Interleucina-6. Interleucina-10.

INTRODUÇÃO

A introdução da videocirurgia representou mudança radical nos paradigmas da prática cirúrgica atual. Trouxe grandes benefícios para os pacientes, como rápida recuperação, menor tempo de internamento hospitalar e pronto retorno às atividades cotidianas. Associado ainda ao menor trauma tecidual e melhores resultados, a videocirurgia teve como consequência significativo aumento da demanda de seu uso em novos procedimentos1.

Como a cirurgia laparoscópica é "minimamente invasiva" e a resposta imunológica ao trauma é proporcional à extensão do mesmo, por intuição, a cirurgia laparoscópica pode ter resposta imunológica diferente da cirurgia aberta2. Esta resposta pode ser refletida pelas citocinas e sistema mensageiro celular. Os níveis de citocinas não refletem diretamente o estado imune, mas demonstram a ativação do sistema imune subjacente, fornecendo meio para compreender-se como a cirurgia laparoscópica afeta o sistema metabólico e imunológico2. Assim, os maiores mediadores de fase aguda da resposta inflamatória, a interleucina 1 (IL-1), fator de necrose tumoral (TNF), (IL-6) e proteína C reativa (PCR) podem ser bons exemplos desse tipo de resposta3.

Para realização da cirurgia laparoscópica é necessário insuflar gás na cavidade abdominal, criando pneumoperitôneo, sendo o gás carbônico o mais utilizado. Ele, na cavidade abdominal, parece atenuar esta resposta inflamatória de fase aguda podendo, por acidose celular local, bloquear a secreção de citocinas, alterar os receptores de citocinas no fígado e em outros tecidos ou atuar nos hepatócitos alterando a resposta hepática aos estímulos inflamatórios. Assim o pneumoperitônio com CO2 pode trazer consequências à resposta imune4.

A inflamação no trauma cirúrgico é induzida por mediadores pró-inflamatórios como IL-6, proteína C reativa, dentre outros, e por mediadores anti-inflamatórios, como IL-10 e prostaglandina E2, consideradas imunodepressores e demonstrando imunorregulação5.

A IL-6 e a IL-10 são mediadores utilizados na resposta inflamatória após trauma cirúrgico. Sabe-se ainda que ambas possuem efeito de autorregulação, sendo que o aumento de IL-6 reflete aumento concomitante de IL-105.

Nesse sentido, dada à importância da cirurgia laparoscópica na clínica cirúrgica atual, interroga-se a resposta inflamatória deste procedimento com relação ao procedimento aberto2.

Sendo a colelitíase uma doença de alta prevalência na população geral e o seu tratamento de escolha ser a colecistectomia, aberta ou laparoscópica, tal condição proporciona a possibilidade de formar grupos homogêneos e com menores variantes frente a outras doenças como, por exemplo, neoplasias ou trauma, no estudo da resposta inflamatória1.

Assim, o presente estudo tem por objetivo correlacionar a dosagem sérica pré-operatória e pós-operatória de IL-6 e IL-10 entre pacientes submetidos à colecistectomia aberta versus videolaparoscópica.

MÉTODOS

Este trabalho caracteriza-se como estudo prospectivo, longitudinal, controlado, em que se realizaram dosagens séricas seriadas de IL-6 e IL-10 em pacientes submetidos à colecistectomia aberta e colecistectomia videolaparoscópica, com comparação de seus níveis no soro entre os dois tipos de procedimentos cirúrgicos.

Um total de 20 pacientes foi distribuídos em dois grupos de 10 cada e denominados como se segue: Grupo L, submetidos à colecistectomia videolaparoscópica e Grupo A, à colecistectomia aberta.

As dosagens séricas de IL-6 e de IL-10 foram realizadas em quatro etapas em relação ao procedimento: 24 horas antes e quatro, 12 e 24 horas após o início.

O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e pelo CONEP 00240084000-07.

Para compor os dois grupos experimentais, foram selecionados 20 pacientes que buscaram, de forma espontânea, o ambulatório de Cirurgia Geral do Hospital de Caridade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, todos em razão de colecistopatia crônica calculosa com indicação para colecistectomia.

O hospital possui duas filas para tratamento cirúrgico da colecistopatia crônica calculosa. Em uma delas, os pacientes optam de forma voluntária pela a colecistectomia aberta e na outra, pela colecistectomia videolaparoscópica. Após avaliação inicial dos prontuários destes pacientes, foi realizada a seleção.

Os critérios de exclusão foram: 1) presença de colecistite aguda no momento do procedimento cirúrgico, avaliado por presença de líquido perivesicular ou pus, sinais de hiperemia de parede vesicular ou pus no interior da vesícula; 2) coledocolitíase; 3) necessidade de conversão do procedimento laparoscópico para o procedimento aberto; 4) pacientes ASA III ou ASA IV; 5) mudança no plano anestésico padrão; 6) sinais e/ou sintomas de qualquer doença aguda no pré-operatório ou no pós-operatório imediato; 7) trauma com menos de 30 dias de evolução; 8) tratamento cirúrgico de qualquer natureza com menos de 30 dias de evolução; 9) utilização de drogas imunossupressoras; 10) doenças de características imunológicas; 11) doenças inflamatórias crônicas de qualquer natureza; 12) insucesso na primeira tentativa de punção venosa periférica para administração de medicamentos dentro do centro cirúrgico; 13) necessidade de nova colocação de acesso venoso periférico; 14) insucesso na primeira tentativa de punção venosa periférica para coleta das amostras de sangue; 15) prolongamento da incisão supra-umbilical, pele e/ou parede abdominal, em mais de um centímetro para retirada da vesícula biliar na cirurgia laparoscópica; 16) desistência em qualquer um dos tempos de coleta de amostras sanguíneas; 17) apresentar alergia a qualquer uma das drogas utilizadas no protocolo; 18) ter quadro alérgico de qualquer natureza no pós-operatório; 19) estudo anatomopatológico da vesícula biliar após remoção demonstrando neoplasia ou sinais de colecistite aguda.

Os pacientes eram submetidos aos procedimentos no mesmo dia de seu internamento. Permaneceram em jejum pelo período de 12 horas antes da operação e com liberação de dieta líquida/normal 24 horas após. Não foram prescritos analgésicos anti-inflamatórios durante o período de internação e no receituário de alta.

A alta foi planejada no primeiro dia de pós-operatório para todos os pacientes.

Para a coleta de sangue de 24 horas antes do procedimento, cada paciente foi orientado a dirigir-se, em jejum de 12 horas, ao laboratório no horário das 9 horas da manhã. No pós-operatório, três coletas foram realizadas em quatro, 12 e 24 horas após a operação e realizadas no hospital. Elas foram obtidas de sangue venoso periférico, sendo retirados, cada vez, 5ml de sangue

Para quantificar as citocinas IL-6 e IL-10 nas diferentes amostras de soro nos tempos propostos, a técnica utilizada foi a do imunoensaio enzimático quantitativo tipo "sanduíche" (ELISA), utilizando anticorpo monoclonal específico para a citocina a ser dosada, reagente enzimático e substrato. Tanto para a IL-6 quanto para a IL-10 foi utilizado o kit da eBioscience™ ELISA Ready-SET-Go!, com sensibilidade para 2pg/ml e variação da curva padrão entre 2 e 200pg/ml para a IL-6 e sensibilidade de 2pg/ml e variação da curva padrão entre 2 e 300pg/ml para as dosagens de IL-10.

Todas as amostras foram dosadas em duplicata e a unidade utilizada foi picograma por mililitro (pg/ml).

As amostras de ambas as interleucinas foram armazenadas, à temperatura de -80ºC, em caixas com isolamento térmico, gelo seco e termômetro digital acoplado. Foram enviadas, por via aérea, para o Instituto de Pesquisas Biomédicas do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Foi considerado aumento da resposta imunológica quando houve elevação sérica de IL-6. Em contrapartida, o aumento dos níveis séricos de IL-10 foi considerado como um efeito indutor da imunossupressão para os procedimentos em estudo.

Na análise estatística foi utilizado o teste Mann-Whitney U para dados não-paramétricos e para comparação das variáveis ordinais independentes entre os grupos L e A e (variáveis nominais) foi utilizado o teste exato de Fisher. Para comparação das variáveis dependentes ordinais, dentro de cada grupo, foi utilizado o teste de Wilcoxon. Foram considerados estatisticamente significativos resultados com p <0,005).

RESULTADOS

Foram realizadas 20 colecistectomias; 10 pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica, formando o grupo L e 10 pacientes submetidos à colecistectomia aberta, formando o grupo A.

Os pacientes foram enumerados de A1 a A10 no grupo A e L1 a L10 no grupo L. Foram excluídos dois pacientes, um de cada grupo, em razão de colecistite aguda observada durante o procedimento cirúrgico e confirmada por análise anatomopatológica posterior, ficando assim cada grupo com nove.

Todos os pacientes foram classificados em ASA I, segundo a Classificação da Sociedade de Anestesiologia Americana e evoluíram sem intercorrências ou complicações pós-operatórias, com alta no primeiro dia de pós-operatório.

O estudo anatomopatológico dos 18 pacientes incluídos não demonstrou a presença de neoplasia ou de colecistite aguda.

O grupo A foi formado por um homem e oito mulheres, com média de idade de 40,41 ± 6,97 anos e IMC médio de 26,77 ± 4,87 kg/m2, com tempo médio do procedimento cirúrgico de 47,11 ± 14,29 minutos e tempo de anestesia de 71 ± 16,79 minutos (Tabela 1).

O grupo L foi composto por dois homens e sete mulheres, com média de idade de 44,88 ±12,61 anos e IMC de 25,94 ± 4,39 kg/m2. O tempo médio de operação foi de 45,44 ± 23,52 minutos e tempo anestésico de 80,44 ± 22,69 (Tabela 1).

Entre os dois grupos, não houve diferenças estatísticas em relação ao sexo (p=0,5). Não foram demonstradas diferenças estatísticas em relação à média de idade do grupo A versus grupo L (p=0,89) e entre os índices de massa corpórea médios (p=0,75).

Para os tempos médios de operação (p=0,45) e de anestesia (p=0,35), não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos A e L.

Para o grupo A, o nível sérico de IL-6 em 24 horas do pré-operatório apresentou média de 10,67 ± 7,32pg/ml, quatro horas após a operação a média atingiu 106,08 ± 47,74pg/ml; 12 horas, 218,64 ± 31,57pg/ml e 24, 244,64 ± 64,23pg/ml (Tabela 2). Houve diferença estatística entre os níveis séricos pré-operatórios e todos os demais tempos (p <0,05), bem como, entre os tempos de quatro e 12 horas (p <0,05) e quatro e 24 horas (p <0,05). Entretanto, não houve diferenças entre os tempos de 12 e 24 horas após os procedimentos (p=0,88).

Os níveis séricos médios de IL-10 do grupo A, 24 horas antes da operação foi 3,54 ± 4,42pg/ml; quatro horas após, 9,68 ± 0,73pg/ml; 12 horas, 11,15 ± 3,51pg/ml; e 24 horas após o procedimento foram de 24,46 ± 1,59pg/ml (Tabela 3). Ocorreram diferenças estatísticas entre os níveis de IL-10 antes da operação e todos os demais tempos (p <0,05), entre quatro e 24 horas após (p=0,007) e entre 12 e 24 horas de pós-operatório (p=0,007).

Os níveis séricos médios de IL-6 para o grupo L, no tempo de 24 horas do pré-operatório foram de 6,23 ± 3,23pg/ml; quatro, 89,22 ± 70,64pg/ml; 12, 67,71 ± 31,92pg/ml; e 24 horas foi de 165,36 ± 124,1pg/ml (Tabela 2). Ocorreram diferenças estatísticas comparando-se os níveis pré-operatórios de IL-6 versus todos os demais tempos pós-operatórios de IL-6 (p<0,05), bem como, entre os tempos de 12 e 24 horas de pós-operatório (p=0,007).

Para a IL-10 no grupo L, 24 horas antes do procedimento, o nível sérico foi 4,17 ± 4,07pg/m; quatro horas após 10,15 ± 8,53pg/ml; 12 horas foi de 8,24 ± 3,52pg/ml; e 24 horas após o procedimento cirúrgico, de 10,17 ± 3,03pg/ml (Tabela 3). Em comparação com os tempos, houve diferenças estatísticas entre os níveis médios de IL-10 pré-operatório e todos os demais tempos (p <0,05), assim como, entre os níveis 12 e 24 horas após os procedimentos (p=0,01).

Comparando as médias de IL-6 nos quatro tempos entre os grupos L e A, observou-se diferença estatística entre os níveis séricos médios de IL-6 no tempo 12 horas entre os pacientes dos grupos A e L (218,64 ± 31,57pg/ml grupo A e 67,71 ± 31,92pg/ml grupo L, com p=0,0003). Para os demais tempos, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas (Figura 1).


Para a IL-10, houve significância estatística entre os níveis médios dos grupos A e L no tempo 24 horas após o procedimento (24,46 ± 1,59pg/ml grupo A e 10,17 ± 3,03pg/ml grupo L, com p <0,001). Nos tempos remanescentes, as diferenças encontradas não foram significantes (Figura 2).


DISCUSSÃO

A colecistolitíase é a doença de tratamento cirúrgico que mais afeta o trato digestório. Aproximadamente 10% da população mundial e 20% da acima de 40 anos, nos Estados Unidos, é acometida pela doença6,7. O tratamento de escolha para a colecistolitíase é a ressecção cirúrgica da vesícula biliar, prevenindo suas complicações como a colecistite, perfuração de vesícula biliar, pancreatite aguda e peritonite. A colecistectomia apresenta estresse cirúrgico baixo, período curto de hospitalização e rápida recuperação. Assim, ela apresenta-se como modelo para estudo das reações inflamatórias e é considerado o procedimento cirúrgico videolaparoscópico mais estudado8,9.

Técnicas de procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos resultam na redução no tamanho da ferida operatória, menor lesão de parede abdominal, músculos e aponeuroses e, portanto, menor dano tecidual. Na videocirurgia há menor manipulação e tração por afastadores de órgãos abdominais, não há o uso de compressas sobre vísceras e necessidade de afastamento da parede abdominal. Esses fatores podem estar relacionados com a redução na magnitude e duração dos níveis séricos de citocinas observadas após as operações laparoscópicas, em particular a colecistectomia10.

A resposta inflamatória está associada à liberação de citocinas pró-inflamatórias e proteínas de fase aguda. O TNF-a, IL-1 e IL-6 são os maiores mediadores da resposta de fase aguda em humanos11. Os dois primeiros são responsáveis pela atividade das manifestações extra-hepáticas como febre, elevação das prostaglandinas, taquicardia e catabolismo acelerado. A IL-6 é primariamente responsável pelo componente da resposta hepática, resultando na síntese de proteínas de fase aguda e proteína C-reativa, e ativação de citocinas imunossupressoras, de função regulatória, como a IL-10. Os níveis de citocinas e proteína C-reativa estão relacionados à magnitude do trauma operatório e a presença de complicações. Portanto, podem ser utilizados como marcadores bioquímicos objetivos que refletem o trauma cirúrgico e tecidual, como a IL-6, que possui pico sérico entre quatro e 48 horas após o início do trauma, ativando a IL-10 e a proteína C-reativa que pode ter seus níveis séricos aumentados até por 30 dias pós trauma12-16.

Fatores relacionados a cada paciente podem modificar a resposta inflamatória para o mesmo tipo de trauma17. Doenças de características imunológicas como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Crohn, diabete melito e asma brônquica podem alterar os níveis séricos de IL-618. O uso de medicamentos de características imunossupressoras ou anti-inflamatórias, como corticosteroides, geralmente utilizados no tratamento de doenças inflamatórias crônicas ou imunológicas, modificam a resposta imunológica celular e humoral, o que compromete a análise sérica de marcadores inflamatórios nesses pacientes17. A neoplasia maligna pode produzir citocinas inflamatórias como IL-6 e TNF-a que podem agir como fatores de crescimento tumoral, comprometendo o estado imunológico do paciente, com maior grau de imunossupressão em pacientes submetidos à laparotomia por câncer em comparação àqueles submetidos à laparotomia por doença benigna18,19.

A classificação ASA permite estratificar o risco cirúrgico ao analisar a doença-base e o seu controle.

Pacientes ASA III e IV possuem doenças crônicas sem controle que podem modificar a resposta inflamatória ao trauma18. Quadros alérgicos são sinônimos de reação inflamatória de fase aguda exacerbada, caracterizada por elevação de proteínas de fase aguda, aumento da permeabilidade vascular e aumento de citocinas, o que altera a avaliação dos marcadores inflamatórios18.

A presença de doenças agudas tem o mesmo efeito do trauma cirúrgico na ativação do sistema imune, porém de forma não controlada20,21. A IL-6 ativa a proteína C-reativa, que possui níveis séricos elevados por até 30 dias pós-trauma. Assim, traumas de qualquer natureza modificam a resposta imunológica sistêmica em tempo menor de evolução, como em colecistite aguda, sinais e sintomas de quaisquer doenças de início agudo ou trauma não controlado, maior número de punções venosas e necessidade de coledocotomia por coledocolitíase20,21.

Para obtenção de resultados fidedignos nos níveis séricos de IL-6 e IL-10, foram compostos dois grupos, grupo A e grupo L, com características semelhantes em relação à classificação ASA, idade, IMC, sexo, tempo de operação e de anestesia.

O IMC é uma das formas de mensurar o grau de obesidade de cada paciente. A obesidade é caracterizada pela ativação de processos inflamatórios em locais metabolicamente ativos, como o fígado, tecido adiposo e células imunes22. A consequência dessa resposta é o aumento nos níveis circulantes de citocinas próinflamatórias, adipocinas e outros marcadores inflamatórios.

A idade modifica os níveis plasmáticos de IL-6. Com o seu avanço, ocorre aumento nos níveis séricos da citocina devido, em parte, às doenças associadas e ao decréscimo dos hormônios sexuais18.

O sexo feminino possui maior resposta imunológica tanto celular quanto humoral, maior resistência às infecções e maior propensão a doenças autoimunes, por provável ação dos hormônios sexuais femininos17.

Conforme dados dos resultados, pode-se observar que ambos os grupos encontram-se homogêneos quando analisados a idade, IMC, tempo de operação, de anestesia e sexo17,18,22,23. Apesar das diferenças numéricas entre a proporção de indivíduos do sexo masculino e feminino para ambos os grupos, não houve diferenças estatisticamente significativas.

Independente da colecistectomia ser laparoscópica ou aberta, houve aumento das dosagens séricas de IL-6 e IL-10, comprovando que, para qualquer tipo de trauma, há resposta inflamatória sistêmica19.

Em relação às dosagens séricas da IL-6, observaram-se níveis significativamente maiores de IL-6 no grupo A em comparação ao grupo L, denotando o aumento da resposta inflamatória que os procedimentos abertos possuem em relação à videocirurgia24-27.

Estudo prospectivo não randomizado, comparando pacientes submetidos à colecistectomia aberta e videolaparoscópica, demonstrou níveis séricos menores de IL-1 e IL-6 em uma hora após o procedimento videocirúrgico, com pico em seis horas para ambas as interleucinas (p <0,005). Os níveis séricos de proteína C-reativa só se tornaram significativamente menores para os pacientes do grupo vídeo após 72 horas, espelhando, assim, a menor resposta inflamatória da videocirurgia frente à técnica cirúrgica aberta28.

Estudo prospectivo (n=40), comparando pacientes colecistectomizados via aberta versus laparoscópica, concluiu não haver diferenças estatísticas nos níveis e IL-1 beta e TNF-á13, porém, houve significância estatística nos níveis de IL-6, menores para o grupo vídeo (p <0,0001), bem como, para a proteína C-reativa (p <0,001), ambas no tempo de 12 horas após a operação. Estes resultados demonstraram igualmente diferenças estatísticas nos níveis de IL-6 após 12 horas do procedimento. Entretanto, o maior valor médio entre as dosagens de IL-6, tanto para o grupo A quanto para o grupo L foi atingido 24 horas depois da operação, contudo sem diferenças estatísticas entre os grupos de pacientes no referido tempo; dados da literatura corroboram com o achado, visto que o pico de IL-6 ocorre entre quatro e 48 horas12,14. Os níveis séricos de IL-6 apresentaram-se significativamente menores no grupo de pacientes submetidos à colecistectomia videolaparoscópica nos tempos seis, 24 e 48 horas após a operação (p <0,005)14, diferentemente destes resultados, em que a significância estatística ocorreu apenas no tempo de 12 horas. Porém, os valores médios das dosagens séricas de IL-6 no grupo L permaneceram em todos os demais tempos pós-operatórios sempre abaixo dos valores do grupo A, sem diferenças estatísticas. O que pode explicar este fato é o valor do `n' ser menor do que os mostrados nos trabalhos da literatura25,26.

Os níveis de IL-6 foram menores no tempo 12 horas pós-trauma em relação ao tempo de quatro horas no grupo laparoscópico. Esse evento pode ter ocorrido devido ao `n' pequeno e a diversos fatores que podem influenciar na liberação sérica de IL-618. Porém não houve diferenças estatísticas entre as dosagens de IL-6 nos tempos de quatro e 12 horas após o trauma. Evento similar ocorreu com a IL-10 no grupo laparoscópico nos mesmos tempos. O que pode ser explicado pela elevação proporcional das interleucinas-6 e 10, pois ambas apresentam efeito contrarregulatório29.

Em estudo sobre a resposta de citocinas em pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico de fundoplicatura à Nissen30, observou-se aumento de IL-6 e IL-10 tanto na operação aberta quanto na laparoscópica, porém com níveis significativamente maiores no grupo aberto. Nesta análise, houve também aumento significativo dos níveis de IL-6 e IL-10 tanto para o grupo aberto quanto para o grupo vídeo, semelhantes aos dados da literatura que demonstram o aumento de IL-10 sérico dependente da liberação de IL-631. Resultados similares foram identificados em operações urológicas, tanto para IL-6 quanto para IL-1032, e em outro estudo comparativo entre colectomias abertas e laparoscópicas mostrou aumento de IL-6 e IL-10 para ambos os procedimentos33, com níveis significativamente maiores para ambas as interleucinas no grupo aberto, demonstrando aumento concomitante de IL-6 e IL-10. Os resultados deste estudo revelam níveis séricos significativamente elevados de IL-10 no grupo de pacientes submetidos à colecistectomia aberta em relação ao grupo videolaparoscópico, na dosagem de 24 horas após o procedimento.

Neste trabalho pôde-se observar que o aumento de IL-6 sérica seguiu-se, independente do trauma cirúrgico ser aberto ou laparoscópico, de um aumento concomitante de IL-10 nos mesmos tempos, denotando a existência de um efeito contrarregulatório da IL-10 frente à elevação de IL-6, como demonstrado em dados da literatura vigente29.

Independente do trauma ser aberto ou laparoscópico, existe aumento dos níveis séricos de interleucinas, com elevação significativamente maior dos níveis nos pacientes submetidos ao procedimento aberto, demonstrando que a colecistectomia videolaparoscópica apresenta-se com menor resposta inflamatória frente à técnica aberta.

Recebido em 10/03/2011

Aceito para publicação em 16/05/2011

Conflito de interesse: nenhum

Fonte de financiamento: nenhum

Trabalho realizado Departamento de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, PUC-PR-BR.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Abr 2012
  • Data do Fascículo
    2012

Histórico

  • Recebido
    10 Mar 2011
  • Aceito
    16 Maio 2011
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