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Qual o melhor método anticoncepcional?

Àbeira do leito

Ginecologia

QUAL O MELHOR MÉTODO ANTICONCEPCIONAL?

AM, 27 anos, nulígesta, queixando-se de aumento da quantidade de sangue do fluxo menstrual nos últimos anos acompanhada de cólica menstrual leve, buscando anticoncepção. Sem antecedentes pessoais e familiares de importância. Tem interesse em dispositivos intra-uterinos e métodos hormonais por sua eficácia. Refere parceiro único. Ao exame físico normal.

Como a maioria das jovens que buscam orientação sobre anticoncepção, não tem fatores de risco para o uso da maioria dos métodos. Entretanto, alguns aspectos relevantes da história clínica devem ser levados em consideração. O uso do DIU de cobre, por exemplo, pode aumentar até 30% em média a quantidade de sangue perdida durante o período menstrual, podendo também levar a um aumento na queixa de dismenorréia. Além disso, pelo fato de ser nuligesta, o risco de expulsão pode ser maior, bem como se observou em estudos clínicos que as retiradas por dor pélvica são maiores em mulheres que nunca gestaram. Por estas razões, o DIU com cobre, apesar da alta eficácia, pode não ser uma boa opção. Os métodos hormonais costumam combinar alta eficácia anticoncepcional com outros benefícios não contraceptivos, entre eles diminuição do fluxo menstrual e da dismenorréia. Os métodos contendo apenas progestógeno e a pílula combinada usada continuamente tem sido utilizados para provocar amenorréia. Esta prática, apesar de bastante difundida atualmente, nem sempre garante a ausência de sangramento. Dentre os métodos contendo progestógeno, as taxas de amenorréia variam de 60%-70% para o Sistema Intra-uterino e Injetável trimestral, 40%-50% para os Implantes até 30% para os Orais. Observa-se, então, que um grande número de mulheres ainda vai ter sangramento durante o uso destes métodos, mesmo que sejam em quantidade menor do que o habitual e de padrão muitas vezes imprevisível. Além disso, os métodos hormonais podem estar eventualmente associados a queixas como cefaléia, dores em membros inferiores, alterações de humor, entre outras. Torna-se evidente a necessidade de explicação detalhada dos riscos/benefícios do uso de cada método anticoncepcional para que a escolha possa ser realizada da melhor maneira possível. A paciente foi ainda informada sobre aspectos gerais da saúde reprodutiva, e sobre o uso de preservativo em todas as relações para prevenir DST, mesmo que esteja usando outro método para se proteger contra gravidez não planejada.

CARLOS ALBERTO PETTA

JOSÉ MENDES ALDRIGHI

Referências

1. World Health Organization. Improving access to quality care in family planning: medical eligibility Criteria for contraceptive use. Geneva: World Health Organization; 1996.

2. Petta C, Faundes A, Pastene L, Pinotti JA. Users' awareness of factors associated with complications during pill use. Adv Contraception 1994; 10:257.

3. Hidalgo M, Bahamondes L, Perrotti M, Diaz J, Dantas-Monteiro C, Petta C. leeding patterns and clinical performance of the levonorgestrel-releasing intrauterine system (Mirena) up to two years. Contraception 2002 ; 65:129-32.

4. Hatcher RA, Trussell J, Stewart F, Stewart GK, Kowal D, Guest F, et al. Contraceptive technology. 16th ed. New York: Irvington Publishers Inc.; 1994.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Set 2002
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